quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Quando direi: é meu homem?
Sugo os espasmos do teu ego
transpassado de sementes doces
Ajoelho-me diante do altar dos diabos
confesso-te sobre meus mamilos árduos
és,aquele que passa,concordando com o ritmo
quando irei ao meu homem?
Dentro da minha boca sua alma
dentro da minha boca ele dança,
viabilizando as correntes sanguíneas do tédio.
Meu Homem precipício,meu homemLua
desorientado pedaço de terra ávido por Flor
Como meu homem,no momento que minha língua
reconhece:a textura ,a história,a imaginação.
Eu como meu homem,porque me concedo este verso.
dentro da minha boca ele dorme,como se fosse mesmo céu
céu cor de pele que me colore a alma.
Adélia COELHO
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Vira pra lá,que deste lado o coração despenca!
todo cuidadoooo!somos tantos que nem vimos!
Colados a multipilação estamos...
untados as mãos vermelhas do universo ficamos...
Vira para cá,que daquele lado,o peito seca
todo cuidado quando estamos girando ao sabor do vento...
meus corpos dançam,como num céu em círculo
todos os meus pudores se analisam...
O mundo lua sentado em minhas costas
teus cobertores costurados a meus cabelos
e a música florindo nossa imconpreensão.
Somos dançarinos da Roda.
Cúmplices da conexão divina.
Minhas metades que se despencam,
que se rasgam e se equilibram...
minhas meninas famintas que bailam
nas cirandas apaixonadas
minhas crioulas encantadas.
Adélia Coelho
De dentro do meu aquário tento me comunicar...
sentada em pedras que mordem minhas rotas
eu tento me fazer entender....
E você me olha de fora,e você me olha de fora
de fora de nós,de fora de quem sou.
Faço parte deste aquário,sou amiga do olhar de vidro
por sobre a mesa,vejo quem virá jantar
quem sobra para sobremesa...
Vida injusta?é cogitando que nem sou peixe.
Vejo você através dos outros olhares de espelho.
Nu,esperando-me para aprender sobre as águas que correm
nem brinquedo,nem salvação,nem contorno nem inundação.
Minha vida neste aquário é contemplação.
O que vejo?sua espera por trás de qualquer parade visível.
Minha espera através da música de nossos gemidos.
Adélia Coelho
O que encosta em teu peito
não é só o muro
as amarras,as entranhas
tampouco os laços,feridas,cobranças
o que encosta em teu mundo
é a fome do meu.
O que escuto em teu peito
é o galope de meus passos
a teimosia da figura acesa
a ideologia do armário pronto.
o que ouço em teu ventre
são meus soluços quebrados
o que sinto em teu sexo
são as veias do meu barato.
Minha droga que independe
meu desenho de baliarina
em teus dedos longos...
o que encosta sobre meus cabelos
é tua casa forrada de serpentes
é tua fonte cuspindo imensas expectativas.
o que encosta em teu peito
é o meu ,implorando
o travesseiro dos teus sonhos.
Adélia Coelho
Minhas estrelas passeiam nos olhos alheios
escorrem do céu invasões amenas
desespero-me,não ensinaram-me a amenidade.
Sangro meus lagartos serenos
que escondem-se em qualquer banheiro.
Insana borboleta que sopra
sopra um só cordão de vida
para dentro!para dentro de cada estrela-olho
que me assombra com raro brilho.
Por vezes espelho,outras,baú
todas as asas e caudas da invenção no peito...
e a amenidade chega,despistando os sabores fortes.
Minha intensidade é também minha morte.
Ela fecha a visão da estrela,ela quer apenas
sentir o piscar da terra,acenando com amor.
Adélia Coelho
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Meus pés adormecem de desejo,
lavo-os bem com a água do suposto desprezo
animais gaguejam na fila do banco,espaçonaves pousam em meus seios
e todas as noites meus passos me dizem menos,bem menos.
meu coração sabonete lava tuas feridas
espero-te em vento,em folha,em gosto
de cima,daqui de cima do pequeno banco,enfilero também
todos os prazeres que tenho guardado.
há um poço em mim.Mostro a poucos.
Há muito te mostrei.Os peixes.A aves.a água do meu sexo.
meu fluido que corre em todas as veias que me sucumbem
meu fluido que rói todas as feridas que me alertam.
meus pés adormecem.
E sempre quis tão pouco.
só pra mim, o amor, parace precisar simples
do pouco,do eixo que se mostra
quando se confia em outros pés.
Adélia Coelho
Visto-me de meu vermelho ingênuo para enterrar a boa moça
em meus cabelos encarnados de veneno descobri-me para a verdade
sim,aceitei a verdade..o sangue desenterrado dos meus gemidos
deram-me de volta as estátuas livres das expectativas
visto-me de meu vermelho que escorre entre as unhas
arranho as paredes antes coroadas de ternura
seguro minhas portas enfeitadas de ferrugens
suporto as tromboses da alma
como pássaros cobertos de diamantes falsos
este é meu vermelho bagunçado
meu vermelho escancarado....
aberta menstruação que todo mês devora minha castidade
devora minha folga de mulher
todo mês sou mais e mais vermelha em essência
soltem todos os nuances do meu vermelho
meu cabelo quer falar outra cor..outra língua.outro amor.
meus olhos vermelhos de chorar,esqueceram como se faz
quando o sol devasta as nuvens que tentam escondê-lo todo fim de tarde
quero de volta o frio na barriga do céu
e a emoção do olhar de deus aperfeiçoando a cada orgasmo
minha identidade de mulher.
Adélia Coelho
Terei mesmo que implorar tua saliva sobre meu peito?
terei mesmo que esperar teu prazer em forma de cansaço?
terei mesmo que saber da flor a que veio sobre um bem te vi que não quer provocar?
não sei estar imersa no óleo de alguém que não surpreende as folhas
que não desencanta do hábito
que não age através do sonho.
Não sei contentar-me em descobrir sozinha as avenidas do meu corpo
e suas ruas sedentas esperando a chuva da tua boca
poderia ser qualquer outra chuva,mas é da tua boca que quero lubrificar o sono
é pela sua boca que desejo ser desenhada em pele branca
e não queria mais querer o que tem dentro da sua boca.de seu mundo em sua boca de sua fuga em sua boca
terei mesmo que ouvir o que teu corpo mudo me diz?
esta noite ele me disse em alto e bom som:dorme,que não há disposição para desvendar-te.
-Hoje não,passa outra hora, e minha cintura olhou-me triste...
que diabos estou fazendo do meu corpo?que diabos o meu corpo espera de outro?
não é o abrigo que quer alimento,é toda figura viva em mim
que precisa da descoberta e da percepção do constante desejo.
terei que esperar teus olhos nascerem de novo para enfim me olharem como esta mulher
que precisa desesperadamente ser amada?
Adélia Coelho
Uma língua
uma língua e nenhum corpo apto
uma língua e todos os países deserdados
uma língua e minha santidade humilhada
não existe desenhos após a morte
não existe desenhos que se formem em meu copo de língua...
meu copo de língua oca
se transforma no egoísmo severo das noites em claro
queria nuvem em meus ombros..coladas com língua
queria estrelas tilintando...em cada poro forrado com língua
uma língua em meu corpo...
provando-me :estás viva!
nada mais pedi..que não fosse uma língua
e todos as luzes embruteceram num ruído
e todas as vozes fecharam numa afirmação grosseira
uma língua em meu coração doente
uma língua que me mantivesse quente
uma língua =apenas
UMA LÍNGUA QUE SALVE A MINHA..
uma língua que descubra minhas linhas
que auscute nos sussurros os pedidos
que não espere os sinais mas atente aos caminhos
uma língua que fale através do gosto
as ânsias do coração...
acordo para o verso
pois a língua que tanto quis,agora dorme em outra boca.
Adélia Coelho
Por sobre a sagrada cama,a espera
não quero teu órgão carnavalizando minha candice
pelo contrário,não acho mesmo que o gôzo seja uma marchinha de carnaval
não é preciso sombrinhas,nem serpentinas,talvez poucos confetes...
por sobre a cama,desenrolo a consagrada tristeza
porque teus olhos cansados esqueceram de abençoar a língua
mativeram apagados os sussurros,as palavras,os toques que são as óstias
deste feriado...
não,não mais,todas as doenças,as suas e as minhas,.
considero que o mundo anda mesmo cansado e doente.
e eu queria apenas ,hoje; ter sentido sua língua sobre meu mundo frio,
provando que embaixo de minha cratera ferida há ainda um botão...
e dentro desse botão uma moça perdida,carente e louca para molhar seu gosto
com o gosto de outro mundo.
Adélia Coelho
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
A Procissão
Ogros Residentes
Todo dia a poeira assenta no lugar comum,no clichê dos deuses o bêbê meche morto na placenta deslocada.A prisão chama alguém na solidão exata das horas.é de manhã dentro do corpo d água e do buraco na boca.Todo dia apoeira acrescenta o pó da peleja dos paninhos limpos..procurando os ácaros lúdicos.Anjos suculentos apavoram aidentidade do céu.E logo as displicências erguem o caos-todos os outros reinventam reclamações,mesmo morando nos fundos da casa sombria.Ogros residentes,retirantes da santa ignorância..malditos sejam os invasores!Deles depende a colonização!
Flor 2009
Respiro tuas cores através do mapa impresso.Em teus olhos fugidios... dentro da semente adormeço o nosso primeiro beijo,espero...Meus mortos falam dos solstícios onde presenciaram nossas ebulições:lanternas,entradas e caroços de uma escuridão conhecida;contornada por esperas.Mordendo as tentativas lanço-me a deriva do mesmo dado que olho teu(Lua)nunca me deu. Através do meu nada cobras nascem ;refugiando-se em meus traços faciais; cada expressão uma serpente adormecida.Da boca sai a fumaça que acorda o corpo da noite abraçando pela garganta as pétalas delirantes.
Flor 2009
Frevos Cíclicos
Homem meu nenhum me deste,que não fosse o insano deslize de sonhar,amo o que em mim te disse,impressos nas tuas veias os revolveres da minha libertação. corre o alimento das estradas em teu corpo pesado e turvo.Pára em tua pele mal tecida o calor mouribundo que tiras da despedida.Foge solidão implantada,vai dizer do sangue o que o amor não traz.impregnado bloco de frevos cíclicos;desnaturando tuas sacadas...Homem meu nenhum me deste que não saísse de toca alguma para amar-me no silêncio brutal.
Flor 2009
Hortaliças do Tédio
Diante da gula do meu tédio,confessaste: me amar como a ninguém.Deslize?A idéia do erro empacotado em presente pra mais tarde,esvazia-se neste silêncio nobre.Vou escavando a a densidade da intuição.o que eu não quero é mais além e bem aqui.Nenhuma outra boca máscula poderá me provar a fronte do pecado mais real .Perdoa-me diante da gula do meu tédio,deslizo em linhas,papel sem remédio...emagreço as tintas e permaneço nas telas vazias como o tecido da carne que ergue,da carne que sabe voltar quando engano.meu destino é semear hortaliças de longitudes aguardando na pedra o desmaio da tolice.a fecundação da curva.
Adélia Coelho 2009
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Dia desses, metade do sorriso ao alto
branco,desmedido como altar de santo
denso,corpo de clareira diamante
Dia desses escondia-se entre as grades noturnas
bocejos de lua
gases sonolentos da atmosfera sedenta
Dia desses parte do sol era teu queijo
no café da manhã
Alguma mordida ambulante que segue errante
Na nosatalgia do leite empedrado na alma
dia desses amamentei a estrela que se aproximava
do charuto da nuvem
ela aos poucos engordou,aumentou,alargou
e com seus dedos minúsculos
dedilhou a lua
como a um sonho.
Adélia Coelho 2009
Em nome de um amor que não tem pai
onde a carícia esconde seu umbigo
óbitos das medalhas religiosas
hábitos de calabouços consanguíneos
Meu medo preso no jardim da frente
sabe que estou viva
Ele fede e me obriga a levantar do arco -íris
antes da chuva
Em nome de um amor que não tem pai
concedo-me esta dança
sem cavalos mestiços
permito-me os poros nas espigas de milho
negra, em nome da lua fala
quem em sono prece,cala
inquietando o bico da minha teia
dou-te o nada que me ofereces
segura meu precipício.
Flor 2009
Bonito dorme
dorme o silêncio das águas
a ira das matas virgens
dorme as ladeiras sobre os corpos esquecidos
dorme as praças mortas
de estátuas suadas
Bonito dorme sob as águas estranhas
e os cachos de sol,
cedo dormem também
as palavas sobre os tetos
botecos mouribundos de poéticas vencidas
mausoléus históricos
que cantam o desfalecimento
Bonito dorme
dentro dos carros bêbados de sonhos azuis
e no rádio antigo ouço :
as águas sempre acordam...
Adélia COELHO
Para quem eu cuspo minhas poesias de amor?ou para quê?
ocupados tubarões azuis
e a televisão geme de prazer
noite tediosa de sábado
todos os desejos e sofrimentos em mim
pêssego azedo de inquietude
sumo de húmos de terra nenhuma!
No caralho da árvore aprecio meu desespero
ali está minha nádega
peixes mortos ainda estão a me olhar
gavetas de estátuas recentes
entupidas de entulhos imprudentes
minha coluna erguendo o desprezo
e toda a incerteza da intuição
estampada na memória
meu jardim aceso não sabe cantar
meu botão quer de toda Flor gosar.
Talvez minhas poesias sejam "apenas"
para mim mesma.
Flor 2009
Da tua face formou-se a onda mais clara que já vi
o teu corpo erguendo a ponta da água
em tuas costas a geografia do céu
Incertas palpitações recorrem
a teus músculos de algas...
Teu Fluido canta por todos os meus pêlos
evocando os sentidos
envolve-me com tua fumaça de pedidos fôscos
há uma troca diluída neste espaço
e nossas partículas propagam
a cor exata de nosso abraço-azul
voamos atados pelo mesmo incenso perfumado.
fLOR 2009
Amanhã é dia de sentir saudade
da mãe que se foi por entre os livros de histórias
e as cantigas de ninar tão melancólicas
ela correu tão longe que escondeu-se por trás das rochas mais selvagens
Por baixo das raízes mais primárias
Ela se foi há tempos,fez morada num castelo mórbido
de saudades mal resolvidas
talvez seu antigo convento,talvez seu velho engenho jardim
Por onde andará minha mãe?
sinto tanta falta dela,do seu cheiro,do seu sorriso
da elegância de seus passeios,dos espelhos que por muito tive nas mãos
Era minha heroína.Era.
Hoje é só saudade.
Corro pra ser minha própria heroína.
Flor 2009
Lua flamejando nos dentes
gosto do cru imundo
das veias coloridas
minha cidade serpentina
inventando o universo
os prédios vazios enlouquecendo a verdade
e todas as luas se encontram
pela fresta escura da saudade
corpos se reconstituem
dissolvendo-se em paisagens possíveis
a lua exposta
cratera encerrada
voltada para o sorriso inteiro
é quando a dama negra se esquece do luto
e acende todas as luzes chamadas
estrelas envergonadas ....
Adélia Coelho janeiro 2009
Sim,decepei-me ludicamente
pela janela do caos
joguei a cabeleira do sonho indecente
enroscaram-se os fios
nos cios doentes
pelos galhos suspensos
agarrei-me a velha casa
do lado de fora todos os meus habitantes
corriam enlouquecidos a procura da mesma cabeça
minha cruz e minhas flores estão navegando agora
numa banheira de terra perfumada
dos meus cabelos nascem as lágrimas...
das pontas da única cruz as lágrimas germinam
as outras faces são recolhidas
por árvores distintas
como se o mundo pudesse mesmo entender
porque choro.
Adélia janeiro 2008
Tua saia de cobras vermelhas
sentada sobre as rochas recém sedimentadas
falam sobre a canção do seio morto
das tuas mãos brotam homens falecidos
padeces de ventanias precoces
és sim,parte da própria saia
veneno e encarnado.
Arranquei os olhos do meu sol
feixei-lhe chorar apenas pelo terceiro olho
o sobrevivente
meu sol que avermelhou pelo verde
e que nasceu de caules escolhidos
meu sol índio
que paralisa o rio
quando o canto é por chuva esperar.
Adélia Coelho janeiro de 2008
foto de Bonito
Quem sou eu
- No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos
- Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô