quinta-feira, 19 de abril de 2012

o que fazer do silêncio casado?
o que fazer para não pensar antes de escrever
e jogar tudo em branco sem pena
sem dó da palavra esguia
amputá-la,estupra-la,jorra-la mesmo
o que fazer do mundo paralelo a dois?
visitas breves de um mesmo sentimento
a pele toca uma cumplicidade tosca
mas a pele sabe do árduo de se ter
a pele sabe do gosto e da vontade
a pele sabe,mas a alma reconhece
querer viver agora é querer amanhã?
o que fazer do silêncio acoplado?
das perguntas de olhos fechados?
o que fazer dos livros não lidos na estante?
das caixas a espera da mudança?
o que fazer da criaça que cresce sem parar diante adiante
tudo tão rápido e não há um jardim próximo
as flores precisam ser plantadas
as flores sonham com um céu próspero
o que fazer do querer apesar do não poder
do estar apesar das diferenças
pensamentos que se dilaceram e se embrutecem
guerra amável e constante
amantes amigáveis instáveis perspicazes
o que fazer com todas as dúvidas do peito
quando o outro peito não compreende as tuas batidas
clichês de horas gastas,dias vencidos
prazo de validade do amor:
reconquistar-se todos os dias
se não azeda.

A Flô
INVISÍVEL
permaneço
ao lado
música
alguém quer dançar?
e quem sabe?
o medo do erro do passo do outro do mundo
invisível
entristeço
materna
a terra
alada
alguém quer plantar?
e quem sabe?
o medo da chuva do amanhã do veneno do animal
invisível
sem nexo
perco-me
em casario
alguém quer mudar?
e quem sabe?
o medo do endereço do vendaval do esgoto do homem
invisível
amanheço
desolada
amuada
emaranhada a lua
alguém quer sonhar?
e quem sabe?
o medo do túnel do labirinto do final do sono
invisível em amor tinto suave branco seco .


Flô
Era o deus da noite
que subia pelas pernas
saturado de ódio
era um Deus entranhado em raízes de cetim
era o Deus subterraneo
que auscutava o coração da selva
selva do peito do homem fala
acoa o nada que liberta as escavações
era o deus da noite
que ouvia poesias a beira da árvore
todos os confidentes pediam bençãos
em madrugadas quentes
a terra cavalgava lenta nos dedos dos pés
acariciando as idéias insones
era o deus da noite que acaba os romances
nada era tão provável quanto um beijo ao pôr do sol
que sol Deus?
Minha prece era noturna
minha pele era noturna
minha dança era noturna
eu era saturno coberta de sonhos
eu era confessionário de madeira maçiça
e ele,o Deus da terra ouvia meus passos
ouvia meu medo de cair da árvore
em folhas embebidas de tédio
ele assinava a liberdade:
estamos todos fadados
a esta procissão engomada
de culpas vencidas
de extases guardados
de santos enjaulados
que sol Deus?
o meu goso era noturno
o meu peso era noturno
o meu resto era noturno
eu era Júpiter repleta de ossos
qualquer estrela que estivesse perdida
lá estava eu...
junto ao Deus da noite
ouvindo canções de amor...


Flô
Dor Mente


O volume no máximo
dos dois lados da cama
os mundos paralelos do mesmo amor
amor que invade o ócio
candelabros mesinhas de cabeceira porta retratos
tudo se move letalmente
movem-se os astros sob o quarto gelado
o volume no máximo
pause de entendimentos
é preciso escrever
de que me serve o amor?
é preciso escrever
o volume no max
do meu lado
o ato
minha pele atravessa
a vidraça dessa estupidez
sou a nótivaga que simboliza
a palavra
a letra doída
o volume no máx
a taça esborrando
e na boca todas as saudades suadas
todas as saudades rasdagas sobre a vagina
dormente
dor MENTE
falo das verdades da dor
falo das verdades da dor
meu volume no max
minha paz aguda
transpassando a figura de deus
vestido de branco
estou aqui,pai..
pai?és meu pai verdadeiro
Deus!
em todas as bocas fui negada e mentida
hoje sou barco aceso rumo a
barcarola
que não sai do canto.


Flô abril 2012
Ninguém via
onde ele havia depositado seus ovos
onde ele havia guardado seus frutos
ninguem viu onde ele plantou suas flores
no olho do mar
a vida estática
a cama muda
o cinema vazio
ninho
céu
ninguém via
a língua
o olho do mar denunciava
amanhã teria boas novas
amanhã não é sinonimo de felicidade
e de que sabe o tempo?
fechar feridas
fechar saídas
fechas olhares
pálpebras lunares
teu piscar de olhos
dançava sobre o meu
e nada nos falávamos mais
o olho do mar
aos poucos
cegava nossa boca de um tom amargo.

Flô
Inquietude


nela
a inquietude
nela
sem causa
com cauda
despertares sonoros
nela
amplitude
amplificadores
dores
finitude
finais
nela
a ânsia
da vida
rebeliões
extraviadas
nela
as cartas
de guerras
presentes
bombas passadas
a inquietude
nela
sem asa
sem casa
o lar
passarinho tenso
amores
sabores
peso
nela
ardia a vida
sem motivo
seguia
nela havia brilho
sem iminência
mantia
o beijo
suspenso
na torre
do nada
nela
cuspiam
os carros
da rua
a lama
das chuvas de ontem
resquícios
dele
nela
insana e insone
dormia a taquicardia
mãos geladas
nela
euforia amarrada
nela
alforriada
escrava de hoje
com mão dessecada
nela
a inquietude
haviam sinais
dores em braile
caminhos de tempos perdidos
nela
o mar habitava
corroendo embarcações
nela o sol escondia-se por baixo da saia
nela a lua gozava
branda
terna
imensa
nela
o mundo vibrava e sugava
nela
não havia mais nada de fora
morrera
de ego inflamado
nela jaz a vida.
a inquietude é ela...


Flô-abril 2012

sábado, 14 de abril de 2012

Suspensa
Susto
sustenta
penso
e tento
tensão
Tesão
imersa
imensa
balanço
pássaro
hesitante
delirante
meliante
Pendurada
Pêndulo
atada
voo
dança
árvore
habitada
ninho
vendaval
águia
ilusão
pés
céu
amplidão
SusTensa
mergulho
imediato
clarão.


Flô
O rosto da morte era jovem
a morte era menina nova
menina cheia de vida
rondava venenos próximos
e soprava doces cornetas
estava entre frutos e acidentes
sem querer,mordeu a maçã
sem querer fez chover do céu sangue
o rosto da morte frágil
a morte fitava-me serena
dizendo sobre a dor de lá
a dor que não vemos,a dor
de quem se esvai como
a face da amargura infinda
rondava lugarejos
queria dizer da morte
o que o amor não faz
tecer sobre leito de morte
a alegria de ser ainda após de tudo
entidade de amor.


Flô
Caíam sobre o cavalo
as cores antigas
o cavalgar de peitos adoecidos
batidas
chovia por sobre o relógio
animais extintos
presas fáceis
o azul gritava
a terra frágil penetrava
nas patas do cavalo imóvel
escorria sobre o tempo
cabelos coloridos
corações ligeiros
brincando de vida
pinceladas mornas
de um retrato vivo
meu cavalo mórbido
descansa sobre estes dedos
inóspitos
dentro de mim
o cavalgar é sempre breve.


Flô
Minhas mãos voam
para juntar os passos
minhas mãos se deslocam
em mundos paralelos
para buscar a vida
navegam nas linhas de um tempo inerte
decodificam as asas da liberdade cotidiana
minhas mãos voam
para alçar os laços
mãos que se desprendem do ócio
em nuvens enferrujadas
Mãos que não sabem cantar
mão que ainda prendem o voo
me lanço,jorro meu ventre em mar
inundo meu corpo de pássaro
e em sombras ensaio meu pulo tardio
danço nas paredes molhadas de abril.


Flô
Duas almas brancas
pardas mentiras
mulatas constatações
almas enxarcadas de passado
sosmos duas almas negras a procura de exílio
somos duas almas rosadas percorrendo direção alguma
fardos e delírios
somos duas partes do mesmo pássaro
irmãs siamesas de misericórdia
duas faces de uma dor congênita
somos aquelas que vagam escondendo o destino
aquelas que sopram através de resquiícios
duas almas cinzentas,se entreleçam
costurando aos poucos uma história plena
somos mãe e filha separadas pelo tempo
duas almas icolores,desabando sob o vento
dissolvendo-se como a mesma nunvem que interrogava
chuva de incógnitas,almas que se desfazem
movendo o mundo paa dentro.

Flô
Você
que é muito mais medo
espelho borrado
palavra que atesta os sem rumo
todas as identidades latentes
e atrevidas
lançam-se a vida
você que é muito mais medo
olhe-se
do outro lado do espelho
existe um bosque negro
neste infinito
o teu melhor reside
guardado,intocado
você que é muito mais medo
dance na chuva uma vez por ano
mergulhe a alma no mar vez em quando
você que é muito mais medo
abra a porta de casa
e deixe todos os ladrões entrarem
permita-se ser roubada
permita-se
em teus olhos a pintura molhada
ressucita a menina prendada de outrora
nenhum espelho é capaz de dizer
que o medo é o dono do mundo
que o medo,é um revolver sempre apontado p frente
que o medo é um acidente ligeiro
o medo menina,
teu espelho não quebra.


Flô
Não é de hoje que rosas e faces
brotam do teu peito
menina estranha
cabelo curto
menino com distonia
tentando chegar a escola
kombis e bestas
repletas de crianças
pela porta da frente
seu medo desmedido,cabia
descia entre soluços implodidos
a areia da escola era quente
o cheiro de sol no ferrugem do parquinho
o cheiro de normalidade
e a menina ali,sentada com seu lanche e só
ela tinha um brinco,ninguém via...
não é de hoje que rosas e faces
brotavam de teu peito
moça estranha
cabelo longo
mulher embebida em sabedoria...
tantando chegar aescola
carros e bicicletas
repletos de desejos de direção
pela roda da frente seu medo destemido sabia
escorria entre arrotos chôcos
a areia da escola
acabara
cimento
era cimento
era de cimento
o sonho do castelo mórbido
e um cheiro de chuva na terra
nascendo do jardim
e o menino estranho me fitando
por dentro.
pela porta da frente
ele aos poucos
despedia-se.


Flô
Ela chorava
Nunca tinha visto o mar
ainda mais voando sobre o mesmo
de uma doçura indecifrável
misturava-se ao verde
num azul imenso de satisfação
sol desnudo de certezas
sol diposto a clarear apenas
sol disposto a marcar o sorriso
asas de moça absoluta
asas riscadas de sonhos isentos de culpa
ela dançava sobre as ondas
em cada seio um coração palpitava
em cada seio o mundo girava
diamantes amuletos e olhares
por tras de todas as coisas
havia o desenho do amor passado
ela chorava nunca tinha visto o mar
ainda mais tendo os passos engolidos pelo mesmo
de uma inquietude incomensurável
misturava-se a água
sargaços e corais desprovidos de amarras
ela como o mar...
dançava e se exibia inteira
para o céu lhe capturar..
moça amarela que voava,
e sem saber nadar beijava cada onda
despindo-se de amar...

Flô
seu rosto superfície morna de lembranças
caminhos,traços linhas tênues entre caos e esperança
calvície de expectativas,folhagens esgotadas
desenhos arrancados fio por fio
pela navalha de dentro
TEU ROSTO DE SONHO ESGUIO
PUERIL DESEJO
DE PULAR A PELE
os ricos de cada carranca
meu rosto finitude acesa
passarinhos,rastros,setas agudas entre medo e candura
enxerto de passaportes nulos
queimaduras latentes,violadas pela pele
Navalha de dentro
destrinchando as loucuras de fora
navalha de dentro
abrindo a ferida
expondo as marcas
tecendo as rotas
ascendendo as rosas
nosso rosto céu estrelado de ternuras
poros lapidados por Deus
milhões de itinerários
e eu cá comigo,
lançando as rugas a escuridão...
teu rosto de sonho esguio
pueril desejo de pular a pele...


Flô

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô