quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fugia das palavras com medo do espelho,e os pedaços de vidro acesos vinham até mim costurando os retalhos do tempo.
Fugia das palavras com paixão pelo medo,abraçava-o como se fosse bandeira nova,que cultuasse ingênuas neblinas,no fundo a coragem era tanta que bloqueava o laranja do sol.
..dormia sobre os lençóis de ontens mal vividos,de alicerces mal construídos,de silêncios que viraram pedras,de explosões que beijaram cinzas,de palavras que viraram facas...não há como esperar flores de quem só reconhece o espinho.de quem só aprendeu com ele.
Quando fora da realidade se inicia este ponto final?
Quando não há mais poesia concreta que se alie a natureza?
Quando os pássaros passam bem longe com medo de seu silêncio?
Quando as folhas secas se grudam a terra para esquecerem que já tiveram vida?
E minha senhora querida retorna falando-me dos ossos,do que fazer com eles...
O que fazer quando a morte se preocupa em mudar de gaveta algo que ficou inerte?
Trabalhar com a palavra -madeira maciça,pedra bruta,água turva,pele áspera...
Buscá-la,apalpá-la,enxugá-la,acariciá-la,jorrá-la...
Depois de tantas partidas,organizar os cacos dos espelhos mórbidos que ficaram pelo caminho,refazendo nosso olhar,transcendendo novamente o ato iminente
da queda,por e pelo outro verso.O pulo,o precipício que nos jogamos cada vez que a inspiração dilata nossos dedos.
Experimento em pele,as dores,os precipícios,as guerras travadas em nome do nada,os signos velados e enjaulados,os olhares temidos de um homem solitário,de um homem rabujento como cão,seu medo ditador,seu medo caramurjo,que fecha seus sonhos em gaiolas ambulantes.pássaro que ensaia “Bem te vi”ora Negando,ora mitificando sua relação com o divino.
Minha galega de olhos de ressaca
dorme como anjo ligeiro
anjo destemido
desbravando o tempo dos sonhos
escolhendo as flores de hoje
minha menina de olhos ávidos
acorda como deusa passageira
lua acolhida
desafiando o vento dos sonos
acolhendo as dores de ontem
amo-te pequena borboleta acesa em mim.
Ninguém nunca saberá
que danado é isso
que bate forte,desatina,enlouquece
que recomeça,que transcende,que segue
que embaraça,embrutece,aborrece]
que "encanta,inebria ,entontece"
ninguém nunca saberá
que danado é isso
que encoraja,que revolta,que amanhece
meu amor sempre será um copo de vinho quente.
Amanheci enroscada nas nuvens dos sonhos inacabados...
penetrando lentamente na fagulha do tempo
polvo de hesitações
fundo do mar em mim,afogado.
Há frutos que jamais serão evidentes
folhas que jamais nascerão
galhos que não erguerão seu império de flores
há raízes que para sempre serão imperceptíveis
cegas plantações de países deserdados
pobre moça
que rega descontroladamente
toda semente
para dentro.para dentro.
Quem haverá de prostituir-se em vão?
quem prostituirá sua arte?seu verso?
será que consentimos dia a dia com esta promiscuidade de valores?
Nós,artistas,somos conscientes de nossas esquinas?
sabemos a dimensão de cada pedra no caminho?
amputamos nossa alma por um cheque?
qual seu preço?
Da varanda eu via
que quem chegava
era sempre quem partia
de dentro de mim
para o mundo.
Todas as feridas juntas
cerzidas com cal
as punições libertinas
as ambições vespertinas
todas as quedas juntas
untadas com mal
em meu corpo
todo dia se desenha mapas
novas ruas de novas dores
teias consanguíneas do tédio absoluto
todas as marcas juntas
decodificando a alma...
e labirintos revoltos.
As vezes a maquiagem é imperceptível
Ninguém nota que seu cabelo tem pássaros
ninguém vê que seus peixes estão vivos
e o aquário suspenso
ninguém nota a lágrima que ecoa no vento
fácil fechar-se,ou apenas fechar os olhos
difícil é fazer voltar o coração.
Dentro da pedra de gelo congênita
pedaço de calor recolhido
a frieza dos laços embebidos em veneno
a frieza dos braços cerzidos em vermelho
O gelo queima lentamente
meus dedos cheios de silêncio,
dentro da pedra de gelo :a herança
escondo-me para salvar meu peito]
mesmo que o gelo me cubra
o que tranborda de mim
derrete qualquer indício de sanidade
teço em meio ao frio
minhas rosas,rosas de fogo
que protejerão para sempre
minha pequena luz.
Segurava a escada de mandalas
a qual minha vida estava imersa
tantas fases,tantas frases
becos,bitucas e botecos
o cheiro do cigarro dos outros
a falta da fumaça do peito
meu céu,desde pequena
teima em ser um mar de sonhos
onde aterrisarei?
em que estrela minha palavra se firmará?
há de se firmar?apagarei.
meus signos eclodem desesperados
no ciclo da imaginação
estática,não percebo mais
que minha escada não dá
a lugar algum.
quem disse que os caminhos
são reais?


Flô
Da janela ouvia-se outros chôros
alguém existe também lá fora
costurava as lembranças
nas paredes velhas
esperava que o tempo
não enrugasse o destino
o gelo cravado no túmulo
abria sua lágrima quente
aprendi a gostar de sentir o vento
eu faço vento de volta,por carinho
como se Flô,fosse coisa frágil deste mundo
de cada cor que transcendo,renasço
mais efemeramente forte,
sei beijar as pedras sem caminho.
Espero na janela,o sonho da moça de engenho
se realizar,Menina De Tróia,ergue-se em espinho.


Flô
meus olhos tentam intervir
ansiosos por ventos
tentam emergir
do azul de ontem,cravado na pele
os olhos tentam saltar
pular os poros
os olhos tentam interagir
fecha-se concha roubada
desejo exposto e vencido
de olhar por dentro
o avesso do que se vê por fora.

Flô
Solidão amarela
sonolenta ambição de ossos
raposa fétida de verdades
meus olhos,pânico rasgado
acalentam tuas mãos insolentes
teus pés calejados de ócio
em todas as tuas folhas
errasse
secas afirmações que o tédio
é alimento de fracasso.
vitoriosos os que seguem
a menina fantasma
a ilusória realidade
solidão amrela que se propaga
em pêlos do corpo
tua fome infame
sangrenta noção de amor
na grade de sonhos
percebo que as folhas
mesmo sem cor
podem ultrapassar
este muno palpável
podem engolir o vento
e driblar o medo.


Flô
Como os pedaços deste homem reeditado
meu?
homem do mundo
seu rosto imóvel contesta qualquer sabor
calmamente,saboreio os pedaços deste homem qualquer
vindo de lugar algum
tirar os sentidos desta vida
minha?
a cabeça inteira,suculenta,vazia
como posso mastigar teus nervos
se te amo?
degolo a parte boa dos possíveis amores
encarcero a parte ruim comigo
seguimos,
eu,nossa fome,tua faca.


Flô
Mais uma vez
o escafandro guarda as iminências
todas as mãos salvam o beijo
e todas as pérolas se esvaem em peixes famintos
meu mar deve ser mesmo,onda inerte
água turva,brilho insólito
debaixo desse vidro há resíduos de amor
debaixo desse vidro ainda inteiro e aceso,ainda existe vontade
e que desejo é esse que sucumbe o futuro?
que desejo é esse que lança âncoras onde não há ilha?
mais uma vez
o escafadro esconde reticências
covardia de bocas ausentes
radiografia de almas doentes
e todas as conchas se abrem em flores sedentas
meu mar deve ser mesmo,espuma morta
olho para minha razão,hoje feminina razão
humana coragem de permanecer,apesar dos escafandros
debaixo desse vidro há esperanças ligeiras
debaixo desse vidro há sonhos reais
que teimam,apagam e reascendem
o mar que existe em mim.


Flô
Beijos sob os armários
sob as estantes
sob as mobílias do sonho
beijos distraídos,prolongados
beijos fugidios,amargos
beijos saudosos,despidos
beijos distantes,amigos
beijos de datas esquecidas
beijos de horas roubadas
de bocas entorpecidas
beijo que transporta,beijo que traz de volta...
beijar é colecionar
cores em alma.

Flô
Minha alegria manipulada é irmã do ócio
meu colorido sargento,ordena este sorriso
meus fantoches antigos,são presentes dos deuses
histórias de confetes residentes em mim
contos desatinados,desordenados,sem fim...
atemporal gargalhada,que impele o sim...
para que lado é seguro
quando vejo tanta cor assim?
meu teatro de olhos nas mãos
se despede,entristece,recolhe o arco íris de tecido
desbota o cortinado da imaginação....
vou-me sacodir meus sapatos
que o caminho dos meus bonecos
é longo e enfadonho...
intriga da oposição.


Flô
Essa chuva castiga,abençoa
liberta,aprisiona
enxuga e invade
transborda a cidade
corações em barcos
enfrentam turbilhão de lágrimas
que tristeza é essa do infinito?
que chôro sem fim
do dono do mundo
exausto do meu caos.


Flô
E fico,bebendo chuva e saudade...
lambuzada de imagens de ontem
colecionando novas cores hoje
nubladas intenções do verbo:saudar
poderia me emprestar teu guarda chuva?
dissolvo-me em bentas lágrimas
o gelo se forma do lado de fora
tento entrar,tento chamar para perto
E fico bebendo chuva e saudade
impregnada de sensações do amanhã
inventando outros sons hoje
cinzentas isenções,do verbo:amar
poderia ir comigo em meu guarda chuva
buscar o sol?

Flô
Quando tudo mais embaralha
desbatarina
sobra-me poesia nos dedos
palavras que querem saltar
desses muros amarelos tão sombrios
a loucura é traiçoeira
e o amor perdoa cada tijolo de maldade
quando alma se esvai,feito pó pelo mundo
terra seca,chora de saudade
passagem solitária,urubus rondando a prisão
piedade daqueles que só construíram casarios
piedade dos que quebraram amores verdadeiros
em detrimento de coisa alguma
quando tudo mais embaralha,e nem sei o que sinto
peço poesia senhor!poesia neste céu que me invade,
sei que do outro lado,o amor espera de braços abertos!

flô
Vinha o senhor agudo
tristeza infinda em caminhar
cimento de lembranças extintas
concreto de ternuras findas
vinha o senhor amargo
posando de imperador
dominando as ruas do interior
colocando medo,sobre os olhos
vinha o senhor sozinho
sem bengalas,cadeiras ou reticêcias
vinha buscar o tempo
beijei sua mão
quando a minha música parou,a beijei
para anunciar a paz...
ironia,não há paz para os que não amam...
vinha o senhor cinzento
pintando as casas da mesma cor,
mofando os versos,de uma só vez
renunciando seu patrimônio
para uma viagem bem maior
que abram as portas da compaixão
que recebam este senhor com honrarias
vinha o senhor,pedindo socorro
minha mãe,de branco o salvou.


Flô
Por detrás destes olhos
há terra
avisto sementes afoitas por chuva
avisto sementes beijando o vento
avisto solidões bentas pelo mesmo cordão
por detrás destas lentes há chão
há verso remendado,há eclosões acesas
há mar
avisto barquinhos dilatados na pupila
avisto abraços desenhados em papoulas
avisto redemoinhos de sonhos reclusos
por detrás dessas ondas há nuvens
há ciranda encantada,há atmosferas veladas
por detrás do que vês
há mais,há o que de maior condensas
há fogo,aquecendo os dedos
há fagulhas relembrando o medo
avisto a madeira do teu coração ligeiro
avisto tua camisa rendada,teu conto de fadas
avisto intriga cerzida,tua esperteza maltratada
por detrás destes arco íris não há baú algum com ouro
existe apenas tua alma,achando a roupa.
Sendo reencontrada.

Flô

terça-feira, 21 de junho de 2011

fUNERAL2



O carro espera
com seus restos mortais na mala
o que significam os pedaços de teus ossos
se o que me resta é só saudade?
amontoado de vestimentas vencidas
comidas pelo bicho do tempo
pó de dias cansados,sofrimento atado
á caixa de madeira
Te levarão para onde nasceres
queres mesmo ir?
em vida chamavas cidade do fim de mundo
em cada gesto meu,um medo de te ferir de novo
penso e repenso,como você gostaria que fosse
o carro emprestado,aguarda
eu resolver meu destino
para você partir de volta a sua terra odiada.
o que vale os teus restos mortais
se em mim permaneces viva?
se nossa memória ultrapassa os muros
rasgados deste amarelo envergonhado
desta casa envenenada,deste ódio consagrado?
dE que valem todas as culpas juntas
se não se pensa em futuro?
a caixa de madeira segue,
eu me abraço com minha filha,
sem saber,que um dia,também seguirei na caixa..
e ela ficará com o peito partido
como os ossos,deteriorados após dois anos de funeral.

fLÔ
a Queda



o MURO deste Berlim vizinho se romperá
mais de 20 anos de espera
e o que sinto agora?que posso prever a liberdade
amanhecendo como pólvora
posso sentir a liberdade cortando os ultimos laços consanguineos
posso engolir a liberdade saindo dos tribunais
as paredes estão fadadas ao desmoronamento
tudo aqui cairá,irão enterrar-se junto a ti novamentE
teus cacos aqui vencidos,tuas mão aqui apedrejadas
teu nome aqui corrompido,tuas velas aqui jaz,apagadas
o muro deste Berlim,esquisofrenico
o terraço que me tiraram com velocipede e tudo
agora soa dentro de mim uma insonia latente
me tirando até o gosto do ócio,
pensamento incansável,sobre o que é melhor para mim
sinto minha liberdade despindo-se de dor
sinto minha liberdade fechando ciclos
posso ver minha liberdade soltando Chico
libertando os bem te vis que ainda sobrevivem
a este amarelo encardido,de portões cinza em solidão
o que deus fará com os tijolos que restarem deste muro?
o que minha mãe está fazendo agora?
o que na verdade ela quer que eu derrube?
Minha ilha me olha,povoada de sonhos antigos
minha filha me enxerga,deserta de coragens concretas
gostaria de fechar esta porta
para nunca mais.Nunca mais voltar aqui.
Nunca mais lembrar o quanto chamei minha mãe
e ela nunca me respondeu.
gostaria também de partir,mas agora
ainda deste lado de cá.
Que a Luz que nasceu de mim me proteja.
e que a Luz que me gerou fique ainda mais em paz.amém.


Flô
A covardia é a mãe da Frustração.O medo é o pai do fracasso.
a omissão é amiga da culpa.o desprezo é irmão do nojo.
a fuga é a desculpa da culpa.a mentira é amante da discórdia.
a entrega é a família do amor.entregue-se...seja lá p que ou p quem for...
arrisque-se,antes que seja tarde demais.
A covardia é a mãe da Frustração.O medo é o pai do fracasso.
a omissão é amiga da culpa.o desprezo é irmão do nojo.
a fuga é a desculpa da culpa.a mentira é amante da discórdia.
a entrega é a família do amor.entregue-se...seja lá p que ou p quem for...
arrisque-se,antes que seja tarde demais.
hoje,me pergunto,o que acalma o peito ainda o faz queimar?
o que aflora a alma ainda a faz teimar?
o que sacode a dor ainda faz amar?
somos as diferenças repartidas e achadas
a herança de todo sofrimento de amor
os potes deixados nas estações,as garrafas encontradas em alto mar,
com cartas de amores impossíveis
somos as efemeridades disfaraçadas de casamento
somos aquele deserto caótico e milagreiro,somos esta noite chuvosa de maio,
onde encontramos nas faltas e imperfeições as risadas mais tolas e os ímpetos mais infantis
somos este não saber ser,e de não saber
querer,e querer e querer estar junto apenas...
Alguns abraços passam um tempo murchos,insossos,como incógnitas que perambulam entre os braços...nas lacunas,nas enchentes de emoções antigas...
guardo algumas esperanças,que os mais valiosos ;um dia,voltem a apertar-me o corpo inteiro como um ímã divino,como aquele encontro que parece sempre o primeiro,o único,e o último...
evaram meu sono embora com o mar,ao invés das mensagens de amor que viajaram séculos dentro das garrafas,o que está preso agora em círculos de vidro é o próprio mar,suas ondas permanecem inertes dentro das letras de amores irrecuperáveis...em areia lateja agora,única lágrima,sobrevivente,chorando por todos os desencontros do peito do mundo.
Em teu copo de saliva terna
repousava meu veneno
minha boca podia auscultar teu enredo
batendo,batendo sem o dito senhor Tempo
minha hora era Divagar..e eu seguia...
embarcações suspensas,sonhos de nuvens tensas
alucinado encaixe de segredos
minha insônia era fome de gemidos densos
em teu corpo de seiva eterna
acorda minha cura
amanhece minha herança.
em teu poro dorme fluida
essa alma singela...
Esse cuspe de esperança.


Flô---20 de Junho 2011

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô