domingo, 30 de novembro de 2008
Árvores Estrangeiras
Naquela rua escura
Túnel de árvores estrangeiras
Noutro lugar
Daquela casa só ouvia-se os gritos
E não sentia mais nascimento
Parto
Era parto de querer partir
Ou com os pedregulhos da rua Dona Maria Vieira,
Também partir-se...
Concreto-amarelo perfume de antiga heroína
O mar de folhas secas está calmo
E meu jardim de nuvens quer também emergir
tapete de carícias mortas
resquícios de sonhos
das tia-avós que se foram
Número 69 entre grades,cadeados de esperança
suspenções tardias
de um medo que sempre penetra
Nasço dos tacos,nasço das fontes
que jorram dos canos quebrados
Nasço do mesmo escuro que guarda a rua
Projeto a mesma língua que grita, nua.
Dos rebocos cristalinos
vejo os espelhos herdados das outras infâncias
das madeiras fundidas no corpo
e das veias que seguem contaminadas
e cegas(pelo ócio)
E por ossos tênues construo o alicerce
que segrega (a estupidez)
E na rapidez sublime do ódio
revejo minha rua estranhamente familiar
meu lugar imposto
minha pele adulterada
todos os indícios de uma história partida,morta
PARTO de mortes suicidas,seguidas e iniciadas
Rua Dona Maria VIEIRA,69
é endereço de partidas jamais chegadas.
Adélia Coelho novembro de 2008
A Peleja do Tacanho
Segura o mundo
Contorcionismo divinos
a bola mágica
saltando dos olhos...
a Besta Fera por trás dos panos
Todo o preto e branco
tomando o espaço espasmódico
palavras coloridas
a Sombrinha não mata
a virgindade está alcoolizada
Jesus entra na valsa
De cirandas e versos calejados
as parábolas cercam cada cabeleira domesticada,
todos os tôrtos olhares sentados.
Infla
Sopra
Engole
Destrói
Dirige em tua cena
a Overdose da Paixão
Luzes,câmera,vulcão!
Jesus.Além.
Além de todas as brancas maquiagens
O negro é o batuque dos simbolismos ardentes
A Bênção no sexo,no corpo,na dor.
Água ardente Benta
sobre a televisão
Desligada
Plugada
Impregnada
de Fósforos Doloridos
Pelejando
PELEJANDO
Ejetando
Ejaculando...
As preces consagradas ao Judas de Todo dia
minha semana na mesa sacra
e os arlequins envenenando
a paisagem de lágrimas.
Adélia Coelho(Flô)
28 de novembro de 2008
sobre a Peça TACANHO(Biagio Pecorelli)
com carinho pra tu Cocó!
XERINHOSSps-escrevi num bar depois da peça...
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Minha solidão se prolonga por todas as folhas desta casa
abre-se em cada grão de dia onde permaneço deitada
em busca do sonho em busca do sonho....
Meu silêncio se propaga por todos os sons desta casa
enquanto a natureza dorme,sinto o só...
beijo o só,cheiro o só...
minha solidão tem raízes,tem textura,tem cor...
minha solidão é abrigo e abismo...
minha solidão é minha amante,minha namorada
minha solidão é minha graça,minha camarada
ela não se alimenta nem de escuridão nem de clarão
minha solidão é alta,é morna,é líquida...
jorro seus versos em água pela sala...
rastro de sal.rastro de sal.
Resto de sol.resto de sol.
Minha solidão é ereta,é firme
mas é sim impiedosa,
cruel
por ora tem gosto e tom amargos.
Flô
'Bem sei que a noite é imóvel na tua face
E não te peço alegria.Mas tu ardes.
"é sempre a morte o sopro de um poema
Entre uma pausa e outra ela ressurge
Ilharga de sol."
"Dentro de mim
De natureza ígnea:
Uma idéia do amado."
"O não dizer é o que inflama
e a boca sem movimento
é o que torna o pensamento
lume
cardume
chama."
"Incendiaram as estrelas
em todos os adeuses
o amor se reinventava"
"De caminhar tão vivo na manhã
sobre o chão do ausentes"
"O grande desconforto de ver além dos outros.
Tenho tido esse olhar.E uma treva de dor
perpetuamente.
Hilda Hilst
Vejo aqui bem perto os sapatos amarelos
que ontem caminhavam sozinhos
Hoje passos antigos voltam suaves
sobre a solidão que canta ironicamente
meu buraco de ouro fala alto
meu oco de prata grita fundo
:não quero mais enxergar tão longe
só quero nas maõs o que tenho perto
só quero nos dedos o cheiro da poesia...
mas ela me vem,caçoando do sol
ela me vem debochando das nuvens que inventei...
não lhe dei esse direito.
Meus sapatos amarelos querem voltar
precisam dos meus pés inteiros dentro deste mesmo mar
Tenho dor!Tenho dor de amor imenso!
quero ver somente passos curtos.
Deixem o sapato amarelo voar!!!!
Flô
"Não sei.De quase tudo não sei nada.
O anjo que impulsiona meu poema
não sabe da minha vida descuidada.
A mulher não sou eu.E pertubada
A rosa em seu destino,eu a persigo
Em direção aos reinos que inventei."
Hilda Hilst
E do azul que forma minhas asas
admito o desespero de ser água
não posso alçar vôo longe
dentro de mim nadar sem espada
dentro de mim mergulhar em fada
e do azul que deforma minha cauda
revolto a causa desta morte
meu corpo animal estranho em mim
debate-se como que soubesse a distância do seu ninho
E do azul que delata meus poemas
arranco meus cabelos e presenteio o mar
desta mesma cor que devora meu sexo
concebo das nuvens o gôzo
suspiro na pele da onda lunar.
Flor
"Que seja a tua ternura desmedida
como se eu fosse também uma criança"
"Difícil dizer amor quando se ama"
Hilda Hilst
Debaixo dos poros fatigados de tua certeza criança
lembrei-me:Não posso dizer-me mais Amor.
porque quando calo quem fica é a lembrança
porque quando falo meus pés entram na dança
do vento que embalou certas cantigas em minhas tranças
lembrei-me não posso mais do amor dizer-me
em cima da penugem desse sonho dilato a correnteza
e na esperança,tentei,tentei por certo
amar sem dizer-me amor
porém,o caminho dos teus ventos em minhas costas
alegam:meu amor não quer dizer mais nada.
Flor
como se eu fosse também uma criança"
"Difícil dizer amor quando se ama"
Hilda Hilst
Debaixo dos poros fatigados de tua certeza criança
lembrei-me:Não posso dizer-me mais Amor.
porque quando calo quem fica é a lembrança
porque quando falo meus pés entram na dança
do vento que embalou certas cantigas em minhas tranças
lembrei-me não posso mais do amor dizer-me
em cima da penugem desse sonho dilato a correnteza
e na esperança,tentei,tentei por certo
amar sem dizer-me amor
porém,o caminho dos teus ventos em minhas costas
alegam:meu amor não quer dizer mais nada.
Flor
Nuvem Solene
Irrompendo as paredes fluidas deste meu sonho
entrego as folhas abertas
arranho o papel do meu corpo rasgado
mastigo a solidão gelada de minha existência
insisto.Não deixo passar o vento,tampouco o verso.
Invisto.Não deixo seguir o curso tampouco a casa.
Durmo,entro noutras paredes,construo novas saudades
Minha saudade é um copo cheio de nada colorido
bebo,bebo até o Último gole deserto desta água imunda.
Entrego as folhas abertas,despidas das esperanças
desnudas do primeiro beijo.
assim,celebro todas as noites
a chegada de uma Lua sempre desconhecida.
Meu amor é apenas,canto de entrada
nuvem solene,óstia rejeitada.
Flor novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Sim,trazendo minha mágica,sempre...
Poucos amigos também famintos,também ilusionistas
malabaristas do verbo...
contorcionistas do verso....
novos trilhos amarelos...
O ano acabando,época bucólica chegando(detesto)...
parece inevitável fazer um balanço geral...
lembro da cadeira de balanço de palha de vovô Toinho...
do barulhinho gostoso que ela fazia nas madrugadas que passei em Bonito
Tempo de reconhecer quem é mesmo família e como é difícil resgatar laços
tempo de estabelecer conexões mais fortes entre os próximos
tempo de limpar um pouco o colorido
tempo de amar apesar das diferenças
tempo de tolerar os grupos e não desistir deles
tempo de libertação dos medos profundos e sutis
tempo de festejar POESIA
tempo de deixar tudo bem claro
tempo de sentir-me amada.
Tempo da magia fluir,
de Dórote sair da cartola
e mostrar sua Toca para o Mundo.
Flô
Não,não....
O vento pode levar a caminhos suspensos
é perigoso seguir o vento
acabamos por coroar de arco íris ceús que desconhecem o azul
acabamos por pintar um colar gigante com asas.
Não troco a minha "te vê",não troco o meu arco íris
não quero saber de outro céu...
adivinhar o azul alheio é tarefa árdua.
ir de mãos dadas pelo vento?
quis isso,como quis,
mas só se fosse voando....
o lugar que ambos querem
talvez nunca exista.
porque lugar é cá.
e cá já é por demais colorido.
Flô
Talvez em outro tempo e espaço a guerra contasse mais sobre as estrelas.
atemporal intuição que dignifica qualquer raça,vidas passadas e futuras que nos ditam os trilhos desta estrada e estadia.
Sim,meus amigos interespaciais também sentem saudade.
e as armas não apontam apenas para os planetas
mas nossa maior munição é contra nós mesmos.
Flô
FLOPORTO
Pérolas aos porcos ou aos pombos?
Os Africanos desenbarcam na aldeia Porto e ainda não sabem muito de nossa língua
principalmente daquela que não fala.
Milho as galinhas ou aos pássaros?
Os nativos acolhem o breu oferecidao sem perjorativas com muita categoria..
categoria?alguém aí tem dicionário para otário?
Não,não deve haver algum engano,isso é um encontro literário.
Esssa praia já tem dono,e os hotéis estão lotados.
perdão,venha ano que vem.Quando já tiver passaporte para peixe grande com cara de pau.
Iria jogar palavras a todos esses "animais"...
porém ainda não aprendi a morder bem a língua
e gritar para dentro.
Quem sabe,quando tiver todos os diplomas e os prêmios renomados,quem sabe quando tiver minha cadeira na academia,ou quando souber fumar com elegância um bom charuto cubano...
ai ai
FLOPORTO,pede licença e sai de cena.
Flor.
Nota-Num momento de revolta escrevi esse desabafo,....
Paraticipei da Fliporto,e mesmo de inÍcio com condições precárias,sem uma organização que me deixasse segura,fui a pedido do Nós Pós,e sinceramente foi maravilhoso!
O melhor de tudo foi estar entre Poetas queridos e novos contatos também ávidos por arte...
CoMUNGAMOS numa bela noite poesia,cantigas e abraços...
Obrigada Nós pós!amei amei!
Adélia cOELHO
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Quem sou eu
- No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos
- Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô