quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A barba mal feita é qualqer coisa de mundo aceso para mim
furando meu ócio,traiçoeira melancolia que beija-me os ossos
a barba que roça a nuca é a mesma que fere a boca
a barba que acaricia as mãos é a mesma que silencia a noite
qualquer coisa de feitiço sutil
mundo desarrumado
largado clandestino embolado
a barba mal feita é qualquer coisa de mundo aceso em mim
pasando entre as pernas,suspiros discretos,mapas de absurdos adormecidos quietos
fio por fio,a barba acorda o meu...poro por poro
e teu corpo vai nascendo com o meu
e teu corpo vai esquentando junto
o amor é bem assim,.barba mal feita
mundo imperfeito
cama desfeita...em nós.


Flô
As imagens das saias coloridas
desfazem´se,diluem-se por sobre as calçadas de papel
flutuam sobre as estátuas da cidade sem nome
treféus de libertinagens conquistadas a finco
todos os mapas desenhados em corpos amados
foram esquecidos,em paraça pública queimados
as imagens das igrejas abandonadas
se desconjuntam,se evaporam por sobre as ceramicas inglesas
tumultuam os traseuntes que beiram a porta do nada
dentro do copo das ruas sonolentas
as espadas do sonho de criança
as lutas desaramadas de tédio
as consagrações da volúpia,da ternura
as imagens das nuvens que se formam em devaneios
se endurecem,se embrutecem sobre o chão nosso de cada dia
se quebram por sobre os humanos doentes de qualquer loucura vã
dentro da hóstia molestada do ontem
filas alemãs,congratulam a morte que se aproxima
ditaduras de todas as faces ainda povoam realidades doentias
as imagens do tempo não se apagam da noite para o dia
a violência gerada é propagada com valentia
os hérois da dor ainda silenciam
toda vez que a natureza lembra-se de jogar sol em melancolia.


Flô
VocaBulário Burlado

Eu não tenho vocabulário
escapulário ligeiro
que some entre os dedos mansos
dedos apolíticos
dedos amorais
dedos atemporais
dedos estéreis
eu perdi o vocabulário
dentro das gavetas inertes
dos advogados do diabo
eu pedi assim,sem nem lamentar
perdi o vocabulário bem na hora de gosar
santuário de liturgias baratas
que evocam o sentido do nada
meu deus é pele que arde
é desejo de fincar felicidade nos pés
eu não tenho vocabulário
receituário ligeiro
um copo com água p calar a boca
tem que ser bem cheio
ainda perambulo pela mesma gaiola
atrás de migalhas de amor materno
ainda ressucito o óbvio todos os dias
nos achismos baratos que um dia passa essa agonia
eu não tenho vocabulário
e encho a boca para falar
eu escrevo vomitando tédios herdados
de antepassados mouribundos
meu peito ainda clama
por cima dos pedregulhos
de tuas lembranças sarcáticas
meu paito ainda chora
sem dormir sua dor antiga
minhas mãos desaprenderam a voar
quando em meu ventre nasceu também um Deus
o homem vez por outra pensa que pode fabricar deuses
mas é a mulher que gera,gestações
estações e cidades inteiras
também povoadas de nada
eu sigo noites a fio
mergulhada em meu caos generalizado
não,não falo nada com nada
não quero mais ser compreendida,
quero ser libertada
eu perdi meu vocabulário
e só acharei agora
quando os muros amarelos
derrubarem meu ócio
quando as grades enferrujadas arrombarem meus sonhos
quando o palco e o verso resgatarem minha alma
ai sim,meu vocabulário se converterá
em satisfação.
dedos atrevidos
que só querem gosar.

Flô-primeiro de Dezembro de 2011
Toda noite
tenho um mundo dormindo em meu colo
meu colo abriga o mundo inteiro
fechando aos poucos o cortinado do sono
abrindo de repente as cortinas de novo sonho
meu mundo boceja,se espreguiça e se entrega ao descanso com arte
meu mundo ainda não sabe de fora
meu mundo ainda assiste tudo de dentro
toda noite pego este mundo em minhas mãos e o acalmo
levo~o para passeios demorados em bosques ainda encantados
meu mundo me abre os olhos e curioso me pergunta
se vai ser sempre assim...
não sabe ele que outro mundo o espera em breve
este talvez não o coloque no colo,mas apesar disso
o ensinará tanto quanto eu.

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô