Há tanto tempo
não vejo o mar
não vejo seu rosto triste
enrugado,flácido
seus braços longos,profundos
azuis
há tanto tempo não vejo o mar
dentro de mim fotografo o silêncio
como se auscultasse as rochas batendo contra o peito
a areia foje entre os dedos decepados,os pedaços
do amor de ontem
água firme,água serena,dando conselhos ao vento
água sedenta,água de dor,doando carícias para qualquer desolado amor
há tanto tempo
não vejo o mar
trancada nesta garrafa,sigo
como se um dia meu barco fosse naufragar
meu barquinho de papel soubesse mesmo voar
na estante de madeira meu retrato em vidro
e o barulho das ondas cada vez mais longe
cada vez mais
longe,longe longe...
a solidão do mar entende minha água turva.
Flô-setembro de 2010
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