segunda-feira, 16 de agosto de 2010






A maldita volta disfarçada de morena
me vejo no reflexo da aliança ainda em falso
sobrecarrego as pontes quebradiças do desejo de ontem
minha casa é o perigo
minha casa é o caos
a culpa legitimada é minha
quem falou da condição das flores?
sou este pássaro que vos fala
sou este prisioneira antiga
num castelo que deixou de ser de fadas há muitos anos
a maldita forma disfarçada em blocos de carinho
recepção magnífica... quando algo é grandioso demais
qualquer pessoa que enxergue bem desconfia
me vejo no espelho da aliança ainda em nuvem
escuto os chôros antigos nesta casa
escuto o ventre das outras buscando o lar
escuto o terraço da cidade inacabada
achei que a morte trouxesse o fim da qualquer dor
o final,finito,o fechamento de um ciclo
mas vejo que só abri ainda mais as portas para os malditos
malditos os que apedrejam minha filha!
malditos os que que ainda em chamas não se deixam morrer em paz!
malditos aqueles que travam as correntes do ódio por eternidades!
minha casa agora é minha luz
minha treva ontem foi minha cama
aprendi com a chuva,a correr sozinha
desgovernada sigo,benzindo qualquer família infeliz
maldita infeliz que jorra seu veneno em cima de minha luz
maldita senhora morena,que escurece meu dia
que tenta abolir minha canção
minha pureza era qualquer coisa infinda que se colhia pelo ar
hoje peço força para não mostrar a bondade assim,sem mais
maldita senhora que se acha dona do mar
critica o fogo,maldiz a terra,descrê da água e nos faz sem ar
malditas palavras preferidas pela loucura de ser má
achei que não mais provaria dessa maldade
que só minha raiz tinha o direito de assim me provocar...
a maldita senhora morena chega e invade e descarrega e empedra
meu novo sonho a chegar
o que fazer quando a vontade é crucificar?
o que fazer quando nao conseguimos mais abraçar os doentes da alma?
tenho uma alma tentando crescer dentro da minha
ela pede um tributo,ela pede paz,a paz que há tempos fui privada de ter
a paz que acho que mereço pelo pouco bem que já fiz
peço a cruz,a espada,o chapeú,a imagem,peço a benção,o resgate,o padre,e a hóstia
mas não me tirem minha nova luz,não me impessam de colocar ao mundo
minha parte boa,minha parte intocável.



Flô

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô