segunda-feira, 16 de agosto de 2010









Chovem homens vermelhos encapuzados dentro do quarto
chovem lupas brancas num céu lacrado
dias de luto pela chuva de fora
dias de celebração para as noites de dentro
guarda-sonhos abrem-se como brinquedos ausentes
mostro minha cidade interiorana aos lordes
mostro as gotículas de sol entrando pelo armário
os homens de preto produzidos em série dançam
espalhados em segredo,dançam eretos
dançam a morte quente de qualquer ternura úmida
homens de chapéu e janelas fechadas
caem sobre mim homens brancos de trajes suspeitos
são milhares,são indênticos,são previsíveis como a chuva
como a mesma água que os projeta
homens-bala que dialogam com o futuro como se quisessem ousar
diabólicos engravatados,aglotinados cadáveres
chuva de canhões maquiados
chuva de ilusões aniquiladas
chuva de visões atrofiadas
chuva de caminhos rejeitados
chovem homens vermelhos encapuzados dentro de mim.


Flô

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Quem sou eu

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô