Não quero falar da natureza
das outras naturezas
hoje o que impele é seco
suaves nuances do beijo esperado
há tempos meus animais não passeiam comigo
dentro da cama o despertador
dentro do espelho a farsa
dentro da parede a história
não quero falar da humanidade
dos outros homens
hoje o que impede é molhado
fortes marcas do beijo atado
há tempos meus deuses não voam comigo
dentro dos dedos a eletricidade
dentro da cavidade bucal a excentricidade
dentro do papel o deslize
não quero mais escrever falsas verdades
minha noite aos poucos se liberta de seus nomes
damas negras,alecrins envenenados,
quando o homem sentirá sua natureza?
quando as estações serão menos importantes
que o estado no qual nos encontramos?
não percebem a tolice de estarmos aqui,neste espetáculo,
cantando apenas para nós mesmos?
dentro do mundo a saudade
dentro da onda a incredulidade
dentro da alma a santidade
há tempos minhas asas partiram nuas
há tempos creio sublime nesta escrita entorpecida
que me alivia a cabeça,dessas dores sem cidade.
Flô-maio de 2010
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