Meu verso escuta ao longe
outros tipos de dons
não percebo bem
a tal genialidadeque tanto falam
percebo a falta
o ronco tangido da insegurança
meu sono me sabota
os cílios lentamente envenenam
minha prole de versos exóticos
hoje em dia nada é tão inovador,inédito assim
meu verso lê de longe os olhares
astutos e sábios dos que já cresceram o suficiente
patos,gansos,galinhas,bois,tatus,vacas e oliveiras...
Todo tipo de animal que chega longe
veados translícidos que beiram a esquisofrenia
e que mal tem domesticar um bicho com problemas psiquiátricos?
atestei como doutora de nada que sou que dentro de mim
há uma poça profunda de preconceito
aceito o sexo que se encaixa e se reedita
e onde ficam os rouxinóis que não podem posar nas pedras?
meu verso fotografa e constata de longe
que minha maldade é perpétua e que preciso me libertar
deste caos de insolúveis constatações
que me enfurecem e me desconcertam
hoje,posso dizer que minha fome é ingrata
e se minha vagina é um pênis deserdado
quem é homem?
e quem é mulher?
amo o ser Hum AMO.
Flô
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