quarta-feira, 2 de setembro de 2009




Dentro de minha barriga
coleções de fetos mumificados
múmias lunares
pequeninos órfãos
Ainda não sabem que morrerei.
Não belos espermatozóides,
não sois imortais!
Espirro os óvulos
despejo certezas
mergulho identidades
meu parto é flagelo
meus filhos são inverdades
herdei do sol o medo
e no escuro brinco que tenho olhos
dentro do meu breu existe sonho
dentro da caixa listrada do sexo
há mais que substância orgânica
há desprezo humano.
Dentro de minha barriga
os tonéis de esperança deságuam nos pés
bolsa d água incandescente
meus pequenos indigentes
meus inversos soterrados
dentro do devaneio vi um gôso
era estrela cadente
era longe e era certo
infinitamente rápido e livre
era meu filho homem
atravessando meu juiz
era meu filho homem passando sobre meus espasmos
o único suspiro silencia,outrora em prece
repouso agora,certa que meus filhos voam.
para dentro...
para dentro!


Adélia Coelho

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô