quarta-feira, 2 de setembro de 2009





Quero arrancar as raízes das minhas pantorrilhas adoecidas
cruzar as veias,desviando o rio
tornar as correntes soltas
destrinchar o trinco dos mudos
quero empalhar as buzinas do ontem
e atravessar as lamparinas do medo
escurecer cada fio de perna que me atravessa
quero conceder o goso alheio/diverso
jamais comedido universo
quero arrancar as raizes de minhas pantorrilhas adoecidas
meus pêlos sujos arrastados pelo caminho
atados/emaranhados
noutro corpo qualquer
meu sangue lilás quer vinho
meu corpo azul quer saber adormecer
meus dedos brancos pensam que sabem dançar
e minha cratera sedenta
quer se recolonizar
atmosferas suspensas
todos os joelhos choram
ajoelhando suas culpas sobre os terços
meus olhos querem sargaços amorais
meus seios querem famintos adestrados
sarnentos homens que não percebem o vulcão ao lado.

Adélia Coelho

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô