sexta-feira, 3 de abril de 2009




Nada que eu ouça tecerá
cada grão que hoje me comprime
Todas as tuas borboletas morreram antes de nascer
E teu sexo finda na prece.Amém?
Não sei mesmo como vim parar aqui
Por um grão também?
Tão nítida como lágrima,tão rápida como o tempo da luz
Um ato interminável de covardia?
Identidade.Identidade
mostre sua carteira!Vaidade!
Só tenho um grão,o grão que resta e me esmaga
o grão que testa e me esnoba
Alimento e nojo.Piada e poesia.Escada e precipício.
Nada que eu ouça limpará cada grão expurgado
que hoje me atesta..
Meus ouvidos são plantas secas aguadas por desertos
Silêncio?
tragam-me a chuva..
Minhas fomes são grãos de girassóis
e meus olhos também surdos
são sementes de uma lua distante
Espero quieta.A lua virá me buscar.
A lua- grão -amarga acalentará meus zumbidos
A lua pátria me dará enfim de mamar
E nada que eu diga, matará os novos grãos aqui agora ,espalhados
neste sopro delicado
e isento de intenção...
Minúscula.Minúscula.Minúscula.

Flô

4 comentários:

Wagner Marques disse...

Quantq sacralidade num poema!

Gerusa Leal disse...

Belíssimo blog, Flô, intensíssimo poema, como de resto é toda tua poesia, que me parece habitar o espaço entre a suavidade e a fúria.
Passear pelo seu blog é entrar numa outra dimensão.
Abaço

Biagio Pecorelli (be.) disse...

eu adoro essa tua verve panteista, profundamente ecológica, mística, flor.

lindo texto, nosso jeito de re-ligar.

fé na poesia, nêga.

beijo

No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos disse...

Obrigada Biagio,Gerusa e Wagner...
e muita fé na poesia mesmo...
sempre!para todos nós!
Minha (h)óstia sagrada!

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô