quarta-feira, 30 de julho de 2008






Um sonho onde o silêncio é ouro

"O cão do inverno morde o meu sorriso. Foi na ponte. Eu estava nua e usava um chapéu com flores e arrastava meu cadáver também nu e com um chapéu de folhas secas.
Eu juntei muito amores – disse – mas o mais belo foi meu amor pelos espelhos."

Alejandra Pizarnik



Sobre coração gigante-


Daqui de dentro desse mundo em que vivo,alimento-me de pouca luz
o que me sobra em sombras, escrevo
demarcando territórios ilícitos
decodificando corações vazios
daqui de dentro das raras iluminações,escuto todas as vozes da manhã
mas logo adormeço,perco as tintas dos pássaros
perco a música das folhas enroscando-se na terra
perco a dimensão dos ventos amarrando as horas
perco os paraísos dos outros,por naufragar dentro de mim
perco-me nesta casa grandiosamente inútil.
Sinto o pulsar de um coração gigante,distante
que de alguma forma quer manter contato comigo...
esforço-me para enxergar
em que parte das sombras consigo ver os teus olhos?
em que escuridão deixei guardado meu feixe de luz?
o único,guardo-o há tanto tempo,perdi as contas
dos desenhos que emoldurei na parede
pintando as sombras de todos os gemidos insanos
minhas mãos percorrendo as paredes de tuas ventanias
mas logo adormeço,perco o desenho do teu olhar.
Ele sequer brilhou,sequer procurou o coração gigante comigo...
parei encarando minha loucura,eu e minha casa,estamos sós
ela me olha,lustrando meus sentidos
passo dias inteiros dentro dos supostos umbigos
não posso sair,se sair terei que amar!
terei que ser mar!(e não era essa a intenção do coração gigante?)
meu espelho olhou para meus olhos e disse:
não,o coração só queria enxergar..somente.


Flô

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô