Volto aos primeiros raios de meu sonho
nova primeira manhã das retomadas
azul determinado de uma sina
no cortinado feroz de todas as nuvens
chegou a hora de estancar os artifícios preguiçosos da fuga
a corrente diz-me:é tempo de deviar de fulgaz enchente
áridas formas de superação
estrelas desertas de um medo só nosso
o desabrigo é a lei
a fome está nos olhos dos perdidos
estou solta e não sei levar-me
águas e cordilheiras
confundem minha estátua ambulante
o mar escurece e preciso de coragem
terra de fogo imobilizando as pegadas
de um rebanho que nem colhi
o trem esperando o ar consertar sua única roda-coração-
lamentação de muros imensos
árvores que masturbam as nuvens...
vou galopando em meus unicórnios dourados
numa patagônia próxima
calejados sonhos em vermelho
minhas casas recicláveis
onde me tranco de mim mesma
um pedaço de meu verde atingido
as mãos pintando o rupestre de minhas vontades
sobrevivência destinada a versos
entranho nas paredes as cores de meus vestígios coloridos
desenho os animais e nosso ciclo involuntário
é hora de estagnar certa rota
as cerejas estão murchas
e minha nau quer descobrir a si mesmo
desbravar um olhar intrinseco
aceitando o som do dom....
Adélia Flor 2008
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