quarta-feira, 16 de abril de 2008
AMOR AMÉRICA
Amor América
Nuvem bailaina
dançando entre os montes amarelos de teu país
menina Andina
asas brancas sob azul
ergue-se assim a música da terra
poços perdidos de água verde
surpreendem a passagem
de todas as danças do céu
o gelo personifica minha alma
azul promessa de ressurreição
Nuvem bailarina
dançando sobre os montes amarelos
esculpe as dores de toda transmutação
cactos mestres sob a quintura
das certezas violentas
sombras selvagens que racham o chão
as pedras são minhas companheiras
todos os meus labirintos são tecidos
um a um pela sabotagem
de toda frieza alheia
oferendas de pequenas senhoras
que buscam seus próprios sons
ervas em mãos calejadas
buscando a cura para uma solidão generalizada
continuo andando sem mover-me
vejo apenas uma criança a empinar uma pipa...
ela não sorri a pipa é opaca,descoloriu
castelos tão envelhecidos e trincos nas portas
naturezas sórdidas temendo um resgate
todas as frutas em tons,signos e sabores
pregando os cartazes e as catarzes
de um coração á venda
nas ruas os cheiros das mantas guardadas pelo tempo
os pequenos voltando da escola
com mochilas encantadas
mãos negras a servir o gelado doce da misericórdia
aqui estou em minha caminhada
entre campos imaginários...
abre-se então uma passagem entre os cravos
é hora de regressar
antes que os girassóis comecem a ressurgi
do cinza profundo da infertilidade,
bonequinhas de pano observam
minha volta cabisbaixa á terra frígida
faces angustiadas de lãs coloridas
as listras de todas as cobertas
trabalhadas sobre o fogo
das torrentes emocionais
um dia é possível que o frio se estabeleça
estaremos preparados...
enquanto a chuva não chora
a menina de vermelho passeia
entre as geleiras azuis das descobertas
cantarolando os vícios mais talentosos
construindo um mar de aprendizados sonoros
o gosto das verduras picantes
temperando os abraços cautelosos
de expectativas errantes
sigo entre embarcações
enterrando as flores
nas cruzes de qualquer estrada
as serras longuíquas
desmistificam os grãos
de cada fruto lançado ao amar
água de benção jorrando do peito
correntes de salvação presente
montes de sal num deserto íntimo
escoam dos jardins das pequenas flores amarelas
nesta viagem percebi
o quanto de minha natureza
exala amor américa.
Adélia Coelho abril 2008
poema feito através das fotos de Los Andes,
Guia do perfume Amor América-
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Quem sou eu
- No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos
- Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô
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