terça-feira, 18 de março de 2008
Nas cores do quadro" O Grito " de Edvard Munch absorvemos uma explosão de vermelhos confusos, num céu de iluminações paradoxais.É como se a face da angústia ditasse as normas do tempo,nuances de uma atemporalidade borrada.
O céu mescla-se com os poros exasperados do desespero ,riscos de sombras corrosivas,estranhos que caminham em nossa paralisia,atravessando os sons da natureza.
Munch em seu expressionismo pede socorro por uma Universalidade de sentimentos,e por conseguinte por uma incompreensão de gemidos,é como esse grito não tivesse
nunca sido realmente escutado,auscultado.
Hesitação em dar formas á mudez dos sonhos...
Há uma conectividade de elementos entre as cores frias
da figura precária da depressão e da fervura da inquietude.
Segundo o próprio Munch,
"Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de
súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me
sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o
azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos
continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e
senti o grito infinito da Natureza. "
A maior característica do quadro,é a materialização
desconstrutiva da expectativa humana,as ideologias
insanas; conceituando solidão,desmistificando a estética da
expressão-domindora do alto modernismo-;o homem torna-se extensão de seu ambiente e seu ambiente recria-se através da continuidade deste mesmo homem.
Dentro da era da ansiedade,analisamos o quadro de Much como um marco da expressão da realidade modernista,esse gesto surpreende,as mãos apoiando o rosto sucumbido pela dor de tantos sentimentos dilacerados, pelo mar negro que se forma por trás da figura alienada,pela indiferença da sociedade perante essa estrada de martírios da alma.
Sua boca propagando o vento,pois é mais silêncio que vozes agudas e graves que escuto,é mais vazio que qualquer devastação de tsunamis,é o humano-extraído-essência-puramente só.
-no encontro com ele mesmo-.Sua lânguida face sem traços..sem ruas,nem marcas...são seus olhos desaparecendo numa paisagem dissolvida em dores físicas,morais e espirituais...
É sua contestada existência acenando em sua catarse declarada, uma projeção do mais profundo silêncio pertubador.Esse Grito é vácuo,é vago...é como a pincelada do expressionismo...que ao misturar-se com os tecidos do espaço forma sempre outro e novo contexto.O “coração tinta” buscando os traços da exarcerbação sensorial.
Adélia Coelho 2008
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Quem sou eu
- No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos
- Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô
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