quarta-feira, 8 de agosto de 2012



Apanho o vento
com os dedos rasgados
bêbada de incensos
beijos mal tragados
apanho o nublado com  mão costurada
as pernas se desfazem
em árvores soltas
o tempo é tua chuva
o peso do que nos suporta
e pende em deslizes amorais
as folhas pálidas marcham
sob o vento coagido
todos nós partes do mesmo céu
suportamos uma estiagem fictícia
Apanho o vento
saio de mim sem medo
sou o vento que atravessa as grades
o cinza da guerra de cima
o cinza esconde o coração
o que chora é também nosso
o que vibra com a natureza inteira nas mãos
escuta também minhas preces
tudo se fecha
prepara-se a terra
para a chegada do alimento
lágrima divina viaja
percorre o tempo
o vento tece música em folhas órfãs
tudo canta para deságuar
tudo encanta para findar
minha identidade despede-se nas rotas traçadas nos dedos
nada mais de caminhos
apenas deslizes,feridas
rachaduras de amor
de um céu inerte
Minha chuva é permanente.




Flô

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô