sábado, 3 de março de 2012

Inexisto



Não sinto gosto,nem cheiro,não sinto mais nada...
quase não respiro,quase não existo.
Existo ainda na esperança do amor leve retornar,
no sorriso da luz que dança,
existo na lembrança viva da quentura materna,
no sol que faz crer
Existo no verso escasso,
no escarro do verbo atrevido,
na balançar destreinado da menina que brinca,
na janela que por hora se abre,êxito de ser
Existo na fome do beijo de ontem,
na sede do afago de hoje,
no desespero da cegueira do amanhã
existo simples e rara,constatando a inexistencia
existo na frustração,na dor,na fé,
existo no sonho,na inércia,
na literatura viva,
nas bibliotecas velhas,
existo na rua,no chão calçado de folha
existo nesse minuto que flui,
onde dedos adoecidos ressuscitam e falam da vida,
uma boneca no berço me olha e me reconhece,existo nela,sou ela
existo na água que lava almas em crise,
no álcool que celebra almas incríveis,
existo além da carne fria que me esnoba,
existo através das ilhas
Existo na terra que finca meus pés oriundos do nada,
existo nas raízes da árvore mãe,
nos caules exemplos,
nas flores poéticas,das coisas mais fundas
Existo na crença da arte libertadora,
na delinquência de não ter o poder da grana,
na malidicência de ser humana,
existo em julgamentos em voos
Extrema unção de valores vencidos,
existo porque a morte me permite cantar
quando não houver mais versos,peço pra retornar,
quando não houver mais cor mevou
Aqui jazz uma bela moça
moldada em redomas e cubículos emprestados p moradia,
aqui jaz uma música antiga,sem melodia,uma letra solta no mar

Flô
3 de março de 2012

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô