quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
no reflexo do meu banheiro
vejo cenas
vejo cenas
passadas pelo buraco do vasculhame antigo
onde pouco sol adentrava quando o sonho era aceso
deito-me e me vejo nesse espelho que cobre meu céu
meu chão é de vidro e me mostra o corpo que mente pra mim
meu corpo é do espelho,meu corpo não me pertence
o corpo luz que se instala cada dia em águas distintas
é de outro,essa que vejo perto de mim quando me deito é feita de azulejos do século 19
no reflexo do meu banheiro
a expressão é de um passado que está na água
nua espio meu sexo esguio
nua beijo minha sombra deserdada
tinha tantas irmãs quando esse banheiro refletia brilho
o escuro agora é de dentro
e nesses azulejos vejo as quedas trágicas de um ontem perto
vejo meu destino preso e talhado no mesmo vidro que desvendou minha mão
vejo cenas
vejo cenas
passadas pela encanação quebrada desde o ano retrasado...
onde pouca água limpava o suco gástrico que me matava aos poucos
minha poesia dilúida em neve,em nuvens de algodões alcoolicos
deito-me e deixo-me auscutar pelos vidros que existem do outro lado desta mesma terra.
Deito-me e deixo-me transar com meu espelho fiel
o que pode ser mais fiel,que essa imagem
mais morta que minha alma?o quê?
Flô
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Quem sou eu
- No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos
- Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô
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