terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


Encaixotasse teu cerebro
tuas culpas fugindo da chuva
tua vítima de mãos dadas com a minha
de malas prontas pra dentro
não mostro mais meu rosto assim,tão fácil
encaxotasse minha boca
e de chapéu e sombrinha te beijo,disfarçando
não sei mais ler nem escrever
encaixotasse meu coração atrevido
e nesse quarto gelado
reflito agora sobre as estantes vazias
e os instantes sobrecarregados,transbordantes
encaixotasse meu prazer,com papelão velho
teus olhos nem sabem mais tocar meu caminho
és um passado covarde e doentio
e não sabes nada do meu martírio,porque
enquanto não saíres da caixa,teu ódio só vai crescer
teu ódio é repgnância de si mesmo
teu ódio é indiferença por si mesmo
porque dentro das tuas caixas vazias
não deixasse os outros colocarem potes,vasilhas,copos
teu oco se apaixonou por mim,e quando vi teu cheio com medo
mostrei-me pior que já sou.
Sem memória segui contigo hesitanto de mãos dadas
excitando tua morte a cada despedida
e tu ainda me diz que vai morrer cedo
e porque mesmo tua morte há de me interessar?
encaixotasse meus sonhos maiores
eu me via,contigo,num espaço em ordem.
eu me via,eu te via,eu via um "nós"que só serviu pra me encher de nós
atados as caixas que continuaram cheias do nosso nada
do encontro do nosso nada.teu medo é teu martírio,medo de ser excesso
de ser esse que não cabe mesmo em si
mas que poderia deixar-se exceder em verbos e versos
porque os cigarros e as bebidas e os tais aluciógenos
não são tão bons amantes quanto eu.

Flô

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô