quinta-feira, 15 de outubro de 2009



Por um pedaço de luz
achei tua beleza covarde
por um tecido suado
chupei tua sagacidade
toda confusão do tempo
que mente quando quebra os relógios
por um punhado de sol
expus minha verdade
todo amanhã é voraz
te pertenço na oralidade
toda emissão do vento
que brinca quando engole nuvens.
meu amor é um balão colorido
que sempre emerge,voa e desaparece.


Adélia Coelho 15 de outubro de 2009

Quando passava
os coqueiros dançavam nus
sobre um escuro infinito
que guardava o mar
quanto mais vento no rosto
mais ritmo na dança
era como se todos eles me saudassem
acenando despudorados
para meu corpo puritano e violento.
quando passava
todo o resto,mesmo indiferente
sentia o meu passar
o meu pesar...
garotos jogando bola a beira mar
a bola vai lá em cima
toca o negro do meu olhar e volta sorrindo
casais se aninham ao vento
mexendo um só músculo
eu passo,e com os coqueiros
prezo e observo
a paisagem que fica
a praia a noite é bem movimentada.
eu também.


adélia coelho
15 de outubro de 2009

Minha cadeira vermelha
e todas as histórias traçadas com afinco em seu couro
meu velocípede encantado
que achava que a rua do mundo inteiro
era a volta que dava no quintal
a mamadeira morna e as cidades imaginárias
que me povoavam
meus bêbes no sofá antigo.
meu avô sorrindo na poltrona.
minha tia casando.Minha prima chegando.
meu pai voltando.minha mãe quase sempre morrendo.
Meu aniversário chegou.
Minha cadeira vermelha foi vendida faz tempo.
meu avô não pede mais para coçar suas costas.
minha avó mora só.Minha prima cresceu.
Minha tia casou novamente.
e minha mãe,enfim,nasceu
Para as cidades imaginárias
Encontro com ela hoje a qualquer momento.





Adélia Coelho 15 de outubro de 2009





Sou guardiã da alma
de super heróis reais
o amor fundado e fundido
em Pedra
que cresce e se alarga sem chuva
a antiga redoma toma-se
de flores cordiais
ainda o medo se contorce
por sobre a cama desarmada
a casa que habita em mim
agora tem um quarto vazio
a sujeira de tempos dolorosos
entranhou-se na madeira corrosiva
Minha mãe agora habita
meu imaginário desolado
solidão de umbigo precoce
sou guardiã da alma
de super heróis reais
dentro de toda explosão o caos que escorre é doce.



Adélia Coelho 15 de outubro de 2009

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô