Pastores de trigo
sai e deixei meu medo trancado
meu medo está magro
meu medo definha,e nem sabe o por quê
meu medo osso que imobiliza a chuva
no mesmo quintal fétido de merda
e saio para pintar-me inteira de vermelho
parabrisas sorriem descontroladamente
quando passo,imersa em meu vermelho
pastores de trigo
a mesma travessia toda quinta-feira
vou ver os filhos do sol
buscar um pouco de abraço
na luz da Caxangá
sai e deixei meu medo trancado
Magro medo
faminto medo
saio para despir-me inteira do azul
pastores de trigo
todos os meus meninos
cantam,dançam,imitam,semeiam,
quando passo afogada em meu azul
Minha mãe,ali nos arrepios
de cada palavra tecida do amor
Minha mãe ali na boca dos filhos do sol
Meu destino toda quinta- feira
é trancar o medo nos fundos da casa amarela
e ir buscar meu colorido
através do afeto que emana
daqueles meninos..
heróis do próprio caminhar
pastores de trigo.
Adélia Coelho 2009
em homenagem aos meus Alunos incríveis!
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