domingo, 13 de setembro de 2009





Pastores de trigo


sai e deixei meu medo trancado


meu medo está magro


meu medo definha,e nem sabe o por quê


meu medo osso que imobiliza a chuva


no mesmo quintal fétido de merda


e saio para pintar-me inteira de vermelho


parabrisas sorriem descontroladamente


quando passo,imersa em meu vermelho


pastores de trigo


a mesma travessia toda quinta-feira


vou ver os filhos do sol


buscar um pouco de abraço


na luz da Caxangá


sai e deixei meu medo trancado


Magro medo


faminto medo


saio para despir-me inteira do azul


pastores de trigo


todos os meus meninos


cantam,dançam,imitam,semeiam,


quando passo afogada em meu azul


Minha mãe,ali nos arrepios


de cada palavra tecida do amor


Minha mãe ali na boca dos filhos do sol


Meu destino toda quinta- feira


é trancar o medo nos fundos da casa amarela


e ir buscar meu colorido


através do afeto que emana


daqueles meninos..


heróis do próprio caminhar


pastores de trigo.










Adélia Coelho 2009


em homenagem aos meus Alunos incríveis!

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô