
Abro bem meu beijo sobre a ponte
os peixes estão mortos.
O sorriso sem prece virou pedra
na curva ilesa da paixão
desfaleço na concretude cinza deste verso
moldo-me pelo vento que rege
minhas unhas inconsequentes
o vento uiva,o vento urra
daqui de cima vejo meus cabelos no chão
e o redemoinho de sonhos
infernizando minha paisagem
outras cabeças torturando meu chão
restícios lentos
de fantasmas deserdados
abro bem meu beijo
sobre o barco
não há sereia que pesque minha língua
para dentro.
água pôdre,dia seco
falta-me o olho do rio
chamando-me para espelhar
a despedida do sol
a lua é uma jujuba de côco.
guardo o seu retrato em meu quadril.
Adélia Flor 2009
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