terça-feira, 14 de outubro de 2008
Edição especial Aniversário-
Minhas janelas só abrem para dentro.Quando meus cabelos eram curtos e os pés ainda chatos e pequenos a atmosfera já parecia-me diferente.Eu já padecia de uma observação analítica assustadora.Não sentia-me igual-com semelhantes aspirações-Nem menor,nem maior,mas equilíbrio talvez também passasse longe.Era definitivamente consciente de minha unicidade neste mundo.E que para fazer parte deste mesmo mundo eu precisava ser igual aos demais."Lamento".Nunca fui.No colégio(são joão) eu suava gelado,distonia ambulante odiava rezar em voz alta e sentia-me terrivelmente tosca.Deslocada,esquisita..como queria ter cabelos grandes...Usava fraldas longas nas costas e diante do espelho desfilava meu sonho de artista só pra mim,e para a legião de fãs invisíveis que se aglomeravam em meu quarto de criança rica.
(e só)Construía meus mundos..talvez o problema esteja aí...eu ainda continuo tentando construir,e vai ver o próprio mundo é que vai tecendo-nos no decorrer dos nossos dias bem vividos.
Há 12 anos não tiro os quadros que pintei da parede,a poeira se esconde bem grudada ás cartolinas coloridas pregadas por taxinhas comidas pelo tempo.Há 12 anos não pinto meu quarto de outra cor,não lavo as janelas do lado de fora,não troco o azulejo fofo do guarda roupa,coleciono latas vazias,caixas de correspondências antigas,as pastas com minhas redações e os recados dos professores queridos.Sei que já joguei muita coisa fora,outras coisas eu dei,sei bem que continuo fazendo o que me torna especial de alguma forma:escrevendo.
Mas há de se emoldurar(meu amor me disse isso ontem)os quadros antigos para limpar bem o lugar que os guardou por tanto tempo.Há de se valorizar os sonhos antigos-Há de se pensar nisso.Já constatei mesmo que programações precoces debilitam o presente,monopolizando a expectativa.Há seis anos atrás eu pensava que outras coisas estivessem acontecendo,com algumas pessoas ainda em minha vida-Engano -não podemos prever nada.E talvez seja um grande erro mesmo tentar prever as grandes coisas,quando os pequenos acontecimentos precisam tanto de nós,de nosso olhar poético...E isso eu sei nunca me abandonará.Porque assim nasci,nasci para ser e fazer diferente.Adoro Ter uma agenda grande para poder receber estas minhas mensagens instantâneas;como psicografias de mim mesmo´De outra esfera-a minha de origem: me confesso.Escrevo do lugar de onde vim e parto quando me coloco pertencendo a outro tipo de prisão maior.Talvez não seja mesmo o mundo lá fora,mas o barulho da porta do quarto da minha mãe abrindo-se todo dia as 6:00h da manhã.
......continuação.....lá em cima....
Flô
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Quem sou eu
- No Silêncio das Montanhas a Linguagem dos Ventos
- Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô
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