quinta-feira, 1 de maio de 2008

Menina da Tarde






Conto Da Menina da Tarde



Fazia tempo que ela não abria a janela do seu quarto
pois dava de cara com os vizinhos atrevidos que moram do lado...
no feriado encontrava-se embrulhada , fatigada dela mesma
e precisava de um pouco de ar natural
que não fosse de seu habitual "circula dor",
na falta de uma rede gostosa aconchegou-se numa cadeira dura
colocando os pés na varanda...
antes debruçou-se sobre a janela amarela
proseou um pouco com o céu cizudo
nublado de desejos consentidos
olhou bem para a parede de matinhos
como se encontrasse ali toda floresta do mundo
era o único verde do dia
em raros momentos de uma paz solitária.
Avistou o terraço vizinho;uma poça d água,
uma vassoura e umas caixas de papelão fechadas
entre grades e cadeados a menina comunicou-se com o vento
como se ali fosse sua primeira vez
em sua primeira voz,
pediu ao universo crença nela mesmo
e aos poucos as nuvens que dançavam
desvandando o azul enviaram-lhe
sorrisos largos ,repletos de flor
fazia tempo que a menina não abria a janela..
com seus pés apoiados no cantos dos pássaros
ela degustou de uma tarde aparentemente infértil
percebendo o silêncio bruto que há tempos não tecia.
Não havia nnguém na rua,nem os carros passavam
como se o tempo tivesse parado
para ouvir a menina..
que pretensão!
ao menos para vê-la passar..
mas ela não passa...
talvez um diálogo rotineiro..
antes que a sua amada a visitasse
ela tentava observar bem os nuances desfocados do céu
que despia-se limpo de incertezas
e num ânsia de viajar com esse mesmo azul
ela engrandecia sua escolha,fortalecendo suas mãos
antes exaustas das mesmas
o escuro aproximava-se sem pretensão ou intimidação
vinha apenas como o ciclo natural de nossa respiração
não havia niguém na casa,e é fantástico comunhar com este vazio
este nada,oco feroz que liberta
designa bênçãos...
um azul água é agora a tela da menina
que entardece junto com os bem te vis
emudecidos.....


Adélia Coelho-primeiro de maior 2008

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô