domingo, 17 de junho de 2007


Vênus
Paulinho Moska
Composição: Moska
Quando a sua voz me falou: vamosEu vi deus sentado em seu trono: vênusA religião que nós dois inventamosMerece um definitivo talvez... pelo menosPerceba que o que me configuraÉ sempre essa belezaQue jorra do seu jeito de olharDo seu jeito de dar amorMe dar amorNão te dei nada que seja impuroNo futuro também vai ser assimSe hoje amanheceu um dia escuroFoi porque capturei o sol pra mimPerceba que o que te configuraÉ sempre essa belezaQue jorra do meu jeito de olharDo meu jeito de dar amorTe dar amorPerceba que o que nos configuraÉ sempre essa belezaQue jorra do nosso jeito de olharNosso jeito de dar amorNos dar amor




Não falo do amor romântico,Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.Relações de dependência e submissão, paixões tristes.Algumas pessoas confundem isso com amor.Chamam de amor esse querer escravo,E pensam que o amor é alguma coisaQue pode ser definida, explicada, entendida, julgada.Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,Antes de ser experimentado.Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.O amor é um móbile.Como fotografá-lo?Como percebê-lo?Como se deixar sê-lo?E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?Minha resposta? o amor é o desconhecido.Mesmo depois de uma vida inteira de amores,O amor será sempre o desconhecido,A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.O amor quer ser interferido, quer ser violado,Quer ser transformado a cada instante.A vida do amor depende dessa interferência.A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,Decidimos caminhar pela estrada reta.Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.O amor não é orgânico.Não é meu coração que sente o amor.É a minha alma que o saboreia.Não é no meu sangue que ele ferve.O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.Sua força se mistura com a minhaE nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céuComo se fossem novas estrelas recém-nascidas.O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.Nós dançamos sua felicidade em delírioPorque somos o alimento preferido do amor,Se estivermos também a devorá-lo.O amor, eu não conheço.E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,Me aventurando ao seu encontro.A vida só existe quando o amor a navega.Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.Ou melhor, só se vive no amor.E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô