sexta-feira, 18 de novembro de 2011

xperimento em pele,as dores,os precipícios,as guerras travadas em nome do nada,os signos velados e enjaulados,os olhares temidos de um homem solitário,de um homem rabujento como cão,seu medo ditador,seu medo caramurjo,que fecha seus sonhos em gaiolas ambulantes.pássaro que ensaia “Bem te vi”ora Negando,ora mitificando sua relação com o divino.Será morte em vida essa coisa de tentar?



Dentro da pedra de gelo congênita
pedaço de calor recolhido
a frieza dos laços embebidos em veneno
a frieza dos braços cerzidos em vermelho
O gelo queima lentamente
meus dedos cheios de silêncio,
dentro da pedra de gelo :a herança
escondo-me para salvar meu peito]
mesmo que o gelo me cubra
o que tranborda de mim
derrete qualquer indício de sanidade
teço em meio ao frio
minhas rosas,rosas de fogo
que protejerão para sempre
minha pequena luz.



Segurava a escada de mandalas
a qual minha vida estava imersa
tantas fases,tantas frases
becos,bitucas e botecos
o cheiro do cigarro dos outros
a falta da fumaça do peito
meu céu,desde pequena
teima em ser um mar de sonhos
onde aterrisarei?
em que estrela minha palavra se firmará?
há de se firmar?apagarei.
meus signos eclodem desesperados
no ciclo da imaginação
estática,não percebo mais
que minha escada não dá
a lugar algum.
quem disse que os caminhos
são reais?




Da janela ouvia-se outros chôros
alguém existe também lá fora
costurava as lembranças
nas paredes velhas
esperava que o tempo
não enrugasse o destino
o gelo cravado no túmulo
abria sua lágrima quente
aprendi a gostar de sentir o vento
eu faço vento de volta,por carinho
como se Flô,fosse coisa frágil deste mundo
de cada cor que transcendo,renasço
mais efemeramente forte,
sei beijar as pedras sem caminho.
Espero na janela,o sonho da moça de engenho
se realizar,Menina De Tróia,ergue-se em espinho.




Solidão amarela
sonolenta ambição de ossos
raposa fétida de verdades
meus olhos,pânico rasgado
acalentam tuas mãos insolentes
teus pés calejados de ócio
em todas as tuas folhas
errasse
secas afirmações que o tédio
é alimento de fracasso.
vitoriosos os que seguem
a menina fantasma
a ilusória realidade
solidão amrela que se propaga
em pêlos do corpo
tua fome infame
sangrenta noção de amor
na grade de sonhos
percebo que as folhas
mesmo sem cor
podem ultrapassar
este muno palpável
podem engolir o vento
e driblar o medo.








Mais uma vez
o escafandro guarda as iminências
todas as mãos salvam o beijo
e todas as pérolas se esvaem em peixes famintos
meu mar deve ser mesmo,onda inerte
água turva,brilho insólito
debaixo desse vidro há resíduos de amor
debaixo desse vidro ainda inteiro e aceso,ainda existe vontade
e que desejo é esse que sucumbe o futuro?
que desejo é esse que lança âncoras onde não há ilha?
mais uma vez
o escafadro esconde reticências
covardia de bocas ausentes
radiografia de almas doentes
e todas as conchas se abrem em flores sedentas
meu mar deve ser mesmo,espuma morta
olho para minha razão,hoje feminina razão
humana coragem de permanecer,apesar dos escafandros
debaixo desse vidro há esperanças ligeiras
debaixo desse vidro há sonhos reais
que teimam,apagam e reascendem
o mar que existe em mim.




Por detrás destes olhos
há terra
avisto sementes afoitas por chuva
avisto sementes beijando o vento
avisto solidões bentas pelo mesmo cordão
por detrás destas lentes há chão
há verso remendado,há eclosões acesas
há mar
avisto barquinhos dilatados na pupila
avisto abraços desenhados em papoulas
avisto redemoinhos de sonhos reclusos
por detrás dessas ondas há nuvens
há ciranda encantada,há atmosferas veladas
por detrás do que vês
há mais,há o que de maior condensas
há fogo,aquecendo os dedos
há fagulhas relembrando o medo
avisto a madeira do teu coração ligeiro
avisto tua camisa rendada,teu conto de fadas
avisto intriga cerzida,tua esperteza maltratada
por detrás destes arco íris não há baú algum com ouro
existe apenas tua alma,achando a roupa.
Sendo reencontrada.



O carro espera
com seus restos mortais na mala
o que significam os pedaços de teus ossos
se o que me resta é só saudade?
amontoado de vestimentas vencidas
comidas pelo bicho do tempo
pó de dias cansados,sofrimento atado
á caixa de madeira
Te levarão para onde nasceres
queres mesmo ir?
em vida chamavas cidade do fim de mundo
em cada gesto meu,um medo de te ferir de novo
penso e repenso,como você gostaria que fosse
o carro emprestado,aguarda
eu resolver meu destino
para você partir de volta a sua terra odiada.
o que vale os teus restos mortais
se em mim permaneces viva?
se nossa memória ultrapassa os muros
rasgados deste amarelo envergonhado
desta casa envenenada,deste ódio consagrado?
dE que valem todas as culpas juntas
se não se pensa em futuro?
a caixa de madeira segue,
eu me abraço com minha filha,
sem saber,que um dia,também seguirei na caixa..
e ela ficará com o peito partido
como os ossos,deteriorados após dois anos de funeral.



Pescava flores-caveiras
enquanto teu corpo tumultuado me acenava alegre
a morte,menina quer qualquer coisa de passeio breve
minha cesta vivia repleta de ossos encantados
ossos que guardava como relíquias
do tempo onde fui feliz no balanço do parque
tudo ao redor para os outros era sombra
era desolação,eu conseguia ver as ceveiras sorrindo
conseguia ver que a passagem foi natural
pescava flores entre os escombros
e os urubus me contavam histórias lindas
quando a menina sorria,sabendo o doce da morte
todos os outros choravam a baixo
como se nunca houvesse entendimento
para o passeio que sempre prossegue.




mo se guardasse pássaros dentro de uma enorme saia-gaiola,como se cultivasse pombas em meus quadris,sempre treinando a saída,mas nunca alçando um voo real
por que a pomba tem que ser pura?




Dentro do teu espelho
me viro,me contorço
me enquadro em teu jeito de ver-me
nua,alva como a timidez dos andes
quente como a altivez dos montes
por todos os lados sou tua imagem
sou teu pedaço de vidro aceso
dentro da madeira o ócio vivído
os cabelos seguram na janela a força
não te encaro,te encerro atrás da minha imagem
sou minhas costas,sou meu busto
o contrário da tua poesia,sou o verso escrito errado
o papel jogado fora na esquina,nas lixeiras desgarradas
dentro do teu espelho,sou fera mansa,mulher afobada
me viro,me contorço para ficar tingida com teu sêmem
quente e nua, serei por muitos anos ainda
teu pedaço de vidro adestrado.







A escritora Adélia Coelho traz alguns manifestos sobre um tema paradoxal :a morte,
suas dissonâncias,suas máscaras,a morte cotidiana,a morte traiçoeira,a morte velada E a morte escancarada,em seus versos tenta decodificar os labirintos tênues entre vida e morte.
Tenta expurgar os demônios inventados e abraçar alguns anjos disfarçados.
Religião,filosofia,antagonismos são suas provocações.






Quando fora da realidade se inicia este ponto final?
Quando não há mais poesia concreta que se alie a natureza?
Quando os pássaros passam bem longe com medo de seu silêncio?
Quando as folhas secas se grudam a terra para esquecerem que já tiveram vida?
E minha senhora querida retorna falando-me dos ossos,do que fazer com eles...
O que fazer quando a morte se preocupa em mudar de gaveta algo que ficou inerte?

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Quem sou eu

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô