quarta-feira, 17 de setembro de 2008






Concordo com A Marilia(a Pêra)EM SEU lIVRO "CARTAS A UMA JOVEM ATRIZ"
em tantas coisas,eu não resolvi ser atriz,e nem resolvo,também não nasci atriz...
Eu nasço quando estou liberta naquele pequenino momento
onde qualquer tipo de personagem trasncende meu estado físico,
ali vivo...plena,inteira,absolutamente imersa em minha suposta ausência
ali,Mergulhada numa completa exaustão de ossos.
Sou atriz,e não,nunca tive a dita 'humildade',de dizer-me outra coisa senão artista.
Na concepção da palavra,criatura criativa,faminta e ávida pela natureza humana,
pela observação cotidiana,pelo vácuo existente entre o real e o irreal,este espaço,
esta iminência de suspensões aéreas,estão navegando em mim,como num fósseo,
encontrado há milênios,cujo desenho fosse a simples gravura das máscaras do teatro,a triste e a alegre..assim,teriam me achado,assim por esses dias,ainda sou raramente encontrada.
Nesses tragos de cenas inusitadas,relutando através das dores e das barreiras que antes da doação total achamos intransponíveis,porém,quando encontramo-nos,
nascemos em nós verdadeiramente,movemos estas montanhas e elas nos movem,
como corpos aquecidos e esvaziados,esperando as partituras do instante,
trancadas a sete chaves na palma da mão de quem admite:sou sim artista.E daí?
Sim,Nunca estarei pronta,embora a busca pela perfeição seja um incrível estímulo...
Mas a perfeição da passagem da emoção.
Esta é minha responsabilidade enquanto atriz.
Tirar de mim o que já existe,expor o que já existe em mim nos outros..
nos tantos outros que me habitam dia a dia...
Codificando suas estruturas,seus anseios,suas pontes e fracassos...
a fragilidade está em todos os poros de minha profissão,
embora paradoxalmente a minha força fulminante seja a mesma fragilidade.
Definir um ator é podá-lo dos versos livres,um ator é todo,é e pode ser todos...
Este poder não é dele,mas de sua entrega!De seu manejo com sua própria imaginação,
de como trata seus fantasmas e liberta seus porões.
O bom ator é surpreendente,é tímido,extremamente sensível,está sempre pensando,
enxergando sua própria posição,sua amargura construída..e destituída de falsas condutas; embora na nossa grande maioria,estão os que calam,para poderem trabalhar com o que amam,
e não contestam em absoluto..para permanecerem sempre em cena.
Que cena?há algo por trás de todas as câmeras e cortinas que quer e precisa ser exposto e de certa forma abominado.Esta verdade que tanto defendo e provoco vai além dos palcos e dos cenários,não está na tinta das máscaras,na ilusão dos romances perdidos.
Esta verdade é de carácter,de escolhas,de filosofia de vida.
Um ator,é sim ator o tempo todo,não porque finja ou minta o que sente,mas sim porque está em tempo integral estudando o comportamento humano,suas ações e reações,embora nunca tenha estudado física,ela está ali lado a lado..com os movimentos,com os rompantes,com os ardores e com as curvas que atravessam a nossa vã percepção.
Sou atriz,todos os dias de minha vida,e estou Viva quando a cena(qualquer que seja) me transporta e eleva ao meu estado natural.
Assim,sinto,assim permaneço buscando,querendo,sonhando,por esta fresta surreal que me absorve,por este líquido mágico que me nasce.Tenho tanto orgulho,embora lembre da sobrevivência dentro desta profissão,mesmo assim,Faz-me feliz o fato de simples e puramente dizer-me: ATRIZ!

aDÉLIA coelho (Flor)e ATRIZ

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô