
Visita
Visito outras vidas
Numa ressonância concreta
De dores vazias
Cadeiras deixadas
Espelho erguido e sujo
Da imóvel hipocrisia
Atrás dessa tela de computador
Atrás dessa casa
Atrás desse verso
Atrás dessa alma
Visito outras vidas
Num sonho imerso
De sustos e grades
Cozinhas desarrumadas
Batons quebrados
Livros empilhados e ocos
Da instável congruência do dia
Visito outras vidas
Agora permanecendo estática
Sobre a tinta que vai,
Apenas,traduzindo
Sensações desconhecidas
Num papel desconhecido
De uma velha quase sempre conhecida.
Adélia Coelho maio de 2006
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