Uma sexta feira de Carnaval
Tomei banho de madrugada
durante todo esse escuro
esfreguei novas e antigas mágoas
tinha um cheiro de cigarro no corredor
tinha um cheiro forte de alho no escorredor
banhei-me de tantas madrugadas ausentes
tempo onde deveras vivo masturbando meus ócio criativos
lavei meus cabelos insanos
perfurei os pensamentos sãos
contabilizei mais dívidas que dinheiro
quiz roçar minha poesia na menina rabiscada
construí novos pedágios expostos na internet
compus novas paisagens sem sair de minha cama
escavei os versos padeci de inversos
é quase carnaval e ainda não me fantasiei
ainda não me fiz amada passiei com o extremo da vaidade
prendi-me; nova pipa a desalinhos fugi do olhar de mel
fugi de quem já amoue de quem nunca amou
espero que chegue logo sexta feira
espero que chegue o carnaval
para compartilhar minha dor
espiar a doença dos outros
tecer novos céus,mais coloridos
brincar de borboleta exalando flor
não pensar nas trevas,dramas e tragédias
deixar marcar o passo,o rítmo,o enredo
permitir-se ciranda,abraço,espelho
hoje desliguei o dia e fragmentei em sons familiares
essa madrugada universal
acorda longe quem veio concede-me esse aval
preparo minhas roupas
preparo o trivial esse ano vou sair de boneca Flor
para voltar a ser normal
converso agora com estrelas íntimas
e dói-me todos os peitos
já não sei mais ser coração
o sono me humilha ,me rouba a realidade
faz-me fugir,será que lá sou de verdade?
amanhã é sexta feira
de carne,verso e sal é carnaval!
Adélia Coelho 2008
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