sábado, 28 de julho de 2012

Para amanhecer
coloque dois olhos batidos sem clara
uma xícara de café forte
duas colheres de ronco alheio
uma pitada de insônia concentrada
mexa tudo,ou bata num papel em branco
deixe no forno por alguns minutos
e está vindo o sol.


Flô


Correio


Chegou uma carta
atraso de vida
Dí Vida...
Aviso de corte
Luz e água
Dí Vida
aviso de morte
chegou uma carta
remanso de ida
falência e partida
abrir o envelope
destinatário certo
rasguei o aviso
sedex e telegrama
não trazem mais sorte.



Flô
Cala a boca coragem
sabes o que disse a vida?
cala-te bandida
não vê que procuro o vão?
ato de atiar-se fogo
ato de atirar-se longe
ato de atirar-me aqui
branco inquieto
que brinca de esconde esconde
com meus ímpetos sombrios
branco secreto
que desata os nós mais certos
e engata os desvarios.
cala a boca coragem
não te quero perto
sou irmã do medo
e a ele devo ser servo
sabes o que disse a vida?
vai-te e espanta ferida
que é p o medo ficar esperto
quando o escuro zombar de você
avisa a claridade
que o mundo as vezes te vê.



Flô
Em cada seio,caminhos próximos
uma profundidade extrangeira
um residente cego
as veias,as estrias,as velas e estradas
em cada seio uma ponte
artérias irmãs de coração primata
lampejam sobre a cama
tateando o medo
explosões do lado de lá do muro
amarelos senhores
melados de cana
água ardente inflamando paixões
em cada seio uma promessa desnuda
de permanecer quieta
incessantemente profunda
como se dois corações fundissem a alma
como se o que batesse fosse mesmo finito
e meu corpo desfalece sobre um grito
quando alma me chama de imunda!
vagabunda de seios fartos e bandidos
porque na palavra te fizesse pura?


Flô
Macia é a noite em minhas costas
dou-te o mundo devaneio vago
dou-te possibilidade de voo
dou-te trago
de mim
e te asseguro,lombras eternas
viagens áereas
por sobre asas de plástico
passarinho residente
doente desvario
macia é a mordida em minha pele
cordilheira segura
onde animais vagueiam rompendo absurdos
Macia é minha carne sobre a tua
roçando a guera iminente
trocando a semente
explorando desmundos
macia é a morte sobre meu colo
dou-te passagem secreta para o paraíso
dou-te incredulidade
dou-te um diabo azul
dou-te minha cidade.
Dou-te trago de mim
e levo de mim,teu sangue esculpido em céu;
Macia é a vaidade.



Flô

Descabida



insone
a arte buscando forma
palavra buscando terra
um céu de laqueaduras
esfinges de madrugada quente
seios a mostra
vaga semente
insone
dedos corrompendo
o ônus do mundo
dedos amorais
mouribundos
insone deslizes
de líquidos pueris
caminho nua
sou palavra nua
cavalgando sob o tempo
a procura de sentido
dá-me sentido cavalo doente
sob tuas patas formei meu manto
não sei definitivamente p onde ir
insone
o corpo buscando razão
uma noite de ventres brilhosos-libidinosos
numa imensidão de estrelaovários
penso em quem me lê
e insone
travo,estéril retrato
estúpida paro
madrugada de dedos fétidos de um sexoasos
meamei como a uma palavra
desmedida e quente,procurando prazer
quero o prazer da palavra escrita
que vem do gozo de minha buceta molhada.
escorrem pelo céu,frases inteiras
dedilhadas num prazer etéreo
descem do céu anjos lindos
vestidos de verso
para enxugar meu suor rimado
descem do céu deuses inteiros despidos de culpa
para aliviar meus pecados
agora em palavra em corpo
em espírito
sou insone que vaga
e some
por entre gemidos de auto ajuda.



Flô

quinta-feira, 5 de julho de 2012


O final do caminho
os cabelos caindo em minhas mãos
mãos que não querem mais dizer adeus
o álcool liberta morfina aos poucos
o final do caminho
quando olho p porta
e ficou tudo escancarado
ficou tudo pelas árvores
empregnadas emoções
que jamais tiveram gravidade
grave idade
hora de partir
de dentro de mim jamais sairá
não existe fim em meus ossos
todos os meus tumores são semetes tuas
você me matou quando não me amou
e tanta estrada e tanto pó ficou pelas fuligens
do final do caminho
a história queimada,não vivida,a história idealizada
o amor platônico
não tido
os tantos adeuses
o medo a cada despedida de ser mesmo a última
tudo faz sentido no final?
não vejo sentido em coisa alguma
suas tapas em minha alma
suas drogas e rock in rol alucinados
perfurando meu peito contra o tempo
não tivemos tempo
nem sei se um dia ainda teremos
nem sei se o amor foi real
não podíamos estar juntos
o final do caminho
agora a proposta

e minha morte parcial me visita os tímpanos
e encho a cara de cerveja para me olhar no espelho
energias saturadas,cansadas do ócio e da rotina
e ouço teus passos na manhã
junto com o cheiro da vida
e ouço tua chegada desesperada em busca de socorro
e jã não ouço nada
você sempre me avisou que partiria
e quem sabe de nós?
quem mesmo sabe o dia de amanhã?
o que foi o que é ou o que será o amor?
o final da linha é certo.
não há palavra que defina
o não vivido.
fim.








Flô

domingo, 1 de julho de 2012


Os corpos encontrados nos gritos
os corpos emudecidos
as barrigas paradas
fixadas num céu estático
as nuvens não se moviam mais
eu vi a morte
posso dizer que não tem nada de doce
embora um sono leve despertasse poesia
os corpos amputados do meu coração
os corpos cremados em minha alma
pairava pelas ruas como se há muito já tivesse morta
perambulava por sobre as árvores
como se os frutos me sugassem
eu era o sumo da morte
e embaixo da terra eu ascendia luas
embaixo da terra eu colava raízes estancadas na veia
Corria água pelos braços soltos
extrume,extrume
extremaunção
os corpos padeciam
as mortes feneciam
louca,contava a deus
que a culpa tinha levado meu resto de sanidade
dentro de qualquer sol a morte recita nua
que acaso chegue a tarde
não levará somente
aquele riso de repente
que damos do nada
os corpos envolvidos em mantos nada sagrados
seguiam para o lixão.



Flô

Quando um vento vem diferente
ali,num pedaço de vida
ali num canto esquecido
nosso lar passa a ser saída
todos os lados todas as brisas
aqui,fincando a terra dos antepassados
melindres surtados,ora jaz
ora caminho ao velório
vejo tudo,fotos,cartas,festas
mesa cheia e riso do avô banguelo
que acreditava que essa que vos fala
unificaria o significado família
que esta palavra sabe?
que ela diz?
quendo um vento vem diferente e arremessa
tudo contra as paredes de um velho engenho em chamas
minha mãe em cima de meus dedos
canta para ele dormir,
cabelos desalinhados,o vento levou-o
e ele sabia que ia
ela sabia que ia
o que seria da morte
sem a intuição?
quando um pássaro voa por perto
ali num pedaço de céu
ali numa nuvem doída
nosso lar passa a ser ferida
por todos os cantos
palavras despercebidas
entonações não compreendidas
a mão do vento
me diz baixinho
num toque na face
que deus não sabe de tudo
que deus não pode falar
a mão do vento me deixa
sentir
eu sinto
eu creio
eu voo.



Flô

a parede manchada de um tempo distante
musgos e caramurjos passeiam por entre meus olhos
cansados de mar
enfado de sonho
enfado de sonho
ali,naquele caos ele vivia
ela vivia
eu também tentava
e vivia,o lodo
vivia o lodo
da pele peluda
da pele dopada
da pele veluda
da pele rasgada
um quintal
um trago
um afago
quantos beijos valem uma morte?
e duas mortes?
quantos passos impedem o norte
quantos pés impelem o corte?
a parede manchada
o céu se desfalecendo
de um azul doente
a casa se despindo
as cenas se despedindo
as pulgas,os carrapatos,as moscas
uma platéia embevecida de minha glória
a arte naquele parede manchada de chuva
um sol que me aliciava por dentro
como se eu fosse mesmo
presa fácil do amor.



Flô

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô