quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

E há dias
que teu corpo me invade
e me chama com tal ímpeto
que o fogo que se faz
é labirinto denso
é cordilheira acesa
e há dias que teu sagrado
percebe as paredes de minha igreja
teu sagrado se alimenta de minha água
há dias que consigo rever sua pele
seus poros comunicam nossa verdade
e há dias que as luzes de apagam
e há dias que nada se diz
e que os beijos fogem
e que as capas cedem
há dias que meu sexo quer engolir tua semente
minha natureza chama teu verde
minhas flores clamam teu ar
e há dias que nossos olhos
não se encontram mais
nem as falas são ouvidas
há dias que não se percebe o amor
e vice e versa nos debandamos
para bem longe
e vira e mexe...estamos bem perto novamente
há dias...o amor é instável
há dias que mente
e adias memoráveis.

Flô
Voo


Amanhece o copo intacto
o clichê do corpo imóvel
mutilação de sentimentos
por sobre os móveis
inquebrável literatura
que esbanja essa ilusão de ternura
ternura finda é o que basta
fervura finita é o que cessa
encerre o conto de fadas
a festa de 15 anos acabou
a conta não foi repartida,jamais foi paga
o vinho está cheio de caco de vidro
ninguém mais sabe abrir tua garrafa
um dink pra aliviar a dor...
analgésico mórbido
garagem de lembranças loucas
meus alucinógenos caretas
minhas músicas sobre as calçadas
meus pedintes de amor
em quadros psicodélicos
adélicos romances toscos
me reencontrei num beco
de bairro nobre
cortesã de sonhos doces ,ainda
mulher insana de poesia dura
ninguém disse que ela iria soltar minha mão
ninguém avisou que a casa iria implodir
onde é agora meu endereço?
onde fica meu lar?
minha casa é um anjo de olhos claros
e alma infinda
minha casa é uma menina que retorna
e que me escolhe como mãe quando abre os olhos
amanhace o corpo intacto
sai do mesmo,passeio breve
o que se move é apenas sonho..
sempre,o que tem movimento é passageiro.

Flô
Hoje


O sono duro
tenso
esguia noite
em minhas pernas doloridas
o sexo frígido
imerso
estranho dia
em meu pescoço molhado
dormem em mim
borboletas azuis
penetram em meu ventre
cochichando versos
o sonho caro
intenso
longuinqua tarde
em meus olhos estúpidos
lucidez de defundo ávido
lá está o meu ofício
carimbar pessoas mortas
e deportá-las a mim mesma
lá está o meu difícil]
relaxar o corpo em chamas
e esquecer que tenho alma.

Flô
Exaustão

Cansaço fétido nas mãos
mãos de pedinte de amor
mãos que derrotam as estirpes
mãos que penetram em andor
cansaço fosco em mãos
cores que escorrem pelos seios
flores que se enterram primeiro
Luzes de almas antigas
febril imaginação
barro inútil de ontens
sangue desnudo de hoje
inchaço em faces que denigrem
espaço em falas que inibem
mãos pedintes de amor
olhos famintos de amor
seios ardentes de amor
coxas sedentas de amor
mãos que deslizam as esperanças
cansaço que enlaça a pele
caixão que encerra o beijo.


Flô

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô