segunda-feira, 17 de maio de 2010

TuA casa,sacada de gotas de diamantes
tua casa de tantas janelas fechadas
tantas varandas abandonadas
tua casa de mosaicos nobres
tua casa de endereços mórbidos
em cada sacada,uma máscara
em cada entrada um disfarce
teu olhar sobre o que não se vê
teu olhar para dentro
e a mentira direcionada
proteção ,para que a verdade que habita
permaneça,sem as sabotagens da alegria
tua casa,sacada de gotas de diamantes
tuas máscaras contruídas por um beijo
tuas máscaras amigas,
mais forte realejo.


Flô
Quem disse que deus tem a coroa
e o diabo tem a espada?
o mesmo homem,irmão siamês
duas cabeças e um corpo,
um par de asas diferentes
cada lado uma cor,uma roupa,uma atmosfera
pelo chão as mesmas ervas daninhas
costuradas por crianças inocentes
O mal nos oferece a luta,a guerra
escolhas e sangue
o bem nos oferece a libertação,a divindade,a superioridade
a coroação do azul maior
o mesmo homem,tem bem e mal
o mesmo deus é o mesmo diabo
a mesma cruz é o mesmo trabalho
e o verde do mal constitui a esperança
que o azul pelo azul não traz.
com a coroa e a espada somos um.



Flô-maio de 2010
Em cada ponta do meu dedo
uma certeza absoluta
não sei das minhas linhas o retorno
na palma do meu mundo o peixe aceso
da verdade universal,maria natureza
fogo,alimento e destreza
pequeno dedo que guarda a chave
dedo médio que equilibra a guerra
dedo grande ponto de sol
dedo indicador ,pai das constelações
dedo polegar,rei da noite,rei do ócio
mão consternada,dedos entrevados
mundo embaraçoso,seios descortinados
meu peixe arregalado sonho
não sei abrir as portas para os soldados partirem
mas os dias purificam as feridas
e indicam o brilho do verdadeiro reino.
em cada ponta do meu dedo
uma mentira resoluta
sei bem das linhas a ida.


Flô-maio de 2010
Mecânico sol
médico da luz
teu peito é livro grosso
tuas pernas torres de marfim
em suas mãos
os pêndulos da saudade
as bússulas da sabedoria
mecânico sol
arquiteto das consagrações
desenhista da integridade
mecânico sol,verdade
em teu pescoço o colar
com o símbolo da humanidade
teu nascimento é o marco
em teus pés os dados...
mecânico sol,
sobre as inscrições
da hereditariedade.


Flô-maio de 2010
Não,não quero aceitar esta roda que me impoe no centro,
aqulea senhora guardada em nuvem
seu sexo arrebentado,soprando fuligens
pobre mulher,de verde e sem esperança...
brincando com o leque as suas possibilidades impossíveis
o sol negro,como um móbile desprezado...anuncia o final deste meu dia
em cada parte do leque,uma cena me comovia
meus horóscopos desencontrados
meu touro cético,meu carneiro violentado
escorpião armado,meus gêmeos incestuosos
meu leão covarde,meus peixes amenos
minha balança desquilibrada,e as lanças paralisadas
meus significados repartidos,aniquilados,sequestrados
meus adjetivos roubados...e a pobre senhora gerando por este ócio
todos os meses da mesma loucura
todos os nascimentos sobre o mesmo sol escuro
a mulher virgem contorce a lua,sacode o leque
e os fetos,que sobrevoam o céu,se cruzam
com constelações distintas e explodem
em partos desesperados
mãe de misericórdia,atendei os meus pecados.


Flô-maio de 2010
Mulher caule,dona do fogo
pico das torres,mulher
que nem é dia nem é noite
está entre os mundos como mãe dos pássaros
rainha das flores
mulher alicerce,gera em seus cabelos
os galhos povoados de familias
na ponta de seus fios vermelhos o botão
botão da primeira semente
o sol e a lua conversam sobre ela
e o pássaro pai,abençoa esta grande árvore.
mãe-raiz,sua verdade está por todos os poros e tijolos
destes uni-Versos.


Flô-maio de 2010
Sempre pintaram o anjo nu,
com suas asas,seu corpo lícido
seu rosto de piedade
mas nunca vi anjo de coroa...
a bondade também requer hierarquia...
a bondade também quer se balançar em vaidade
minha bondade é tímida,rainha de certa sabedoria
mas meu anjo é sarcástico,e suas asas são de plástico.


Flô-maio de 2010
Um gota gigante,coroada
dentro do pote sagrado da misericórdia
as flores circundam as formas mais caretas
mas esconde-se na lágrima,os dragões da eternidade
na cidade,os antigos trocam farpas,vivenciam uma sociedade que desconhece a água
um povo que jamais reconheceu sua dor mais intrinseca.
por sobre a gota,voam as carruagens santificadas
e o homem ajoelha-se,pecando já,
por sonhar apenas.


Flô-maio de 2010
Dentro do grande círculo aceso
o homem fala
o homem teme com as palavras nas mãos
seu sexo coberto por luzes emprestadas
suas raízes azuis,possuídas de uma força maior
o animal está ali,na terra daquele mesmo homem
seu infinito escuro ultrapassa supremacias
este mesmo homem,nesta mesma coroa
percebe sua bolha inútil,sua redoma implacável
de um suposto céu,sopram as nuvens obesas,sopram enfurecidas
o círculo amarelo cada vez mais uniforme se transmuta
e o homem nu,chora ali suas farsas escancaradas
a baixo,pequenos homens plantam armas e cambalhotas
lançam espadas e abraços
entro no grande círculo aceso
e o homem morre.
Deus não é responsável,ele desenhou o quadro
as cores,fomos nós que inventamos.


Flô-maio de 2010
Abandono-me de forma valiosa
quero comer teu desespero
quero provar a cada minuto tua carne flácida
mordo tuas dobras tímidas
lambuzo tuas formas envergonhadas
quero comer teu egoísmo
quero comer tua tara.
quero provar tua saliva,
que escorre vermelho sobre o vento
como se a noite fosse uma caixinha de música
bailarinos ,ansiamos a corda...
abandono-me de forma valiosa
quero comer tua honestidade
quero comer tuas expressões
mordo tuas coxas,com fome
tenho a fome de tuas pernas
sugo meu alimento em tua cruz exposta
sugo até não haver mais nada.
mastigo cada ardor,cada suspiro,cada gemido
o meu prazer é cobrir tua igreja com meu manto sagrado.
o meu prazer é saciar tua rigidez com minha hóstia
o meu prazer é consagrar tua pureza o meu maior goso.
goso entre tuas pernas,como se ali orasse pelas estrelas
pois o lugar que visito,quando estás dentro de mim
é o lugar que escolhi para viver.
amo vc.


Flômaio de 2010
Iluminei neste pedaço de escura vertigem,
molhada intuição,há tempos não visitava este lugar
estranho quando,perdemos mesmo que por pouco tempo
a cidade da poesia
esta noite me fala em água,que saudade é coisa rara
preciosas histórias me esperam
e nesse instante,volto ao ponto de partida
achei que estivesse vagando sem mais propósitos
achei que o barulho da chuva não se importasse comigo
minha dor tem asas coloridas,condor de circo,espécie maluca
iluminei neste pedaço de escura vertigem,e sem mais vocabulário
fujo da vida rebuscada,fujo da lógica treinada
fujo da máscara comprada,vou ao encontro do teu mundo
para perceber que o meu espaço é o encaixe do teu.
a cidade da poesia,é onde posso te contar o que realmente se passa
dentro desta fantasia gasta,pálida,enferrujada
chegará o tempo que não saberei mais
que idade tenho...
meu aniversário agora é teu beijo.


Flô
Meus cabelos vermelhos
descobrem dia a dia a sinfonia do teu sono de menino
tua respiração que ofega meu olhar
teu sonho que desconcerta meu pesar
em meu vulcão aceso dorme teu fogo
possuído de temores novos,antigos ensaios
nossa estréia á agora meu amor,
nossa explosão é cotidiana
aos poucos,descubro que dentro de ti
há fábulas encantadoras,e que consegues sim,chorar
através das risadas mais dispersas,das entregas de certas palavras
meu fogo te abraça e lentamente dançamos dias e noites
meses e anos,eternidades e infinitudes
em cada fio de meu vermelho tua voz grave dissipa a saudade
e encaixados no beijo no sexo e na verdade
seguimos tecendo nossa música,
em meu vulcão adormecido mora teu nome.
Felipe és o meu gigante menino.Minha cidade.


Flômaio de 2010
dEMOREI a dar-me conta de que somos
somos as diferenças repartidas e achadas
teu olhar,agora já me foge mais que antes
tua boca beija ligeiro,apressa-se em saber
antes,quando tudo é a pureza da descoberta
não existe a serenidade,tudo o mais é inverdade
as maquiagens acesas,o turbilhão de "positividades"
mas que mal há na realidade?
ela chega,cedo ou tarde
bem tarde,para muitos,bem cedo para outros
os conto de fadas encomendados são só maldade
que mal há na magia da insanidade?
pedregulhos esquisitos,indo e voltando pra mesma água
hoje,me pergunto,o que acalma o peito ainda o faz queimar?
o que aflora a alma ainda a faz teimar?
o que sacode a dor ainda faz amar?
somos as diferenças repartidas e achadas
a herança de todo sofrimento de amor
os potes deixados nas estações,as garrafas encontradas em alto mar,
com cartas de amores impossíveis
somos as efemeridades disfaraçadas de casamento
somos aquele deserto caótico e milagreiro,somos esta noite chuvosa de maio,
onde encontramos nas faltas e imperfeiçõesas risadas mais tolas e os ímpetos mais infantis
somos este não saber ser,e de não saber
querer,e querer e querer estar junto apenas...
estou tão feliz com este teu sorriso que se abre
como o sol que gosto de sentir.


Flômaio de 2010
Todos os dias
anoiteço calada embaixo dos teus carinhos
não há palavras que plantem o instante
todos os dias
entardeço faminta em cima dos teus voos
não há deslizes que escavem teu tesouro
todos os dias
todos eles
os dias que passo ao teu lado
são mágicas constatações
do extra cotidianoda não rotinada alegria de surpreender a si no outro...
todas as noites, quero meu dia ao teu lado,mesmo que a lua venha cedo,
mesmo que não gosemos do sol
mesmo que a chuva nos deixe moles
estar no mesmo plano que você
e poder beber desta ternura
faz-me ser atemporal,desmedida e completamente apaixonada...
sua verdade é meu tempo,
dentro da minha hora tu vivese moras e acordas e morres e revives
a cada sono,que sonhar.


fLÔ-MAIO DE 2010
Observo tua face,
na ponta de teu nariz há
na ponta dos teus lábios há
na ponta dos teus olhos há
na maça do rosto há
na ponta dos teus cachos adocicados há
a melancolia íntima dos meus acordes
a delicadeza de tua poesia congelada
a generosidade dos traços mais febris
em tua pele pó de ouro se entranha o nosso suor
observo tua face,enquanto teu gemido se converte em infertilidade de lágrimas
as dores são minhas cruzes árduas
teu andar traz consigo minhas mágoas
na ponta do nosso amor há
as fitas coloridas da entrega
os cavalos selvagens do desejo
as árvores comestíveis do compromisso
na ponta da tua raiz meu beijo reparte-se em sabores que já me pertenciam
tua boca meu amor,é a ponta viva do meu coração
.dentro de ti descanso,pois o amor é simples
só pede que haja
e háhá
há háhá
háhá

Na minha face a tua.

Flô-maio de 2010
Caminhei sozinha por concretos exatos
pedras cumprimentavam o sol,
nuvens cinzentas atravessavam a rua
a poeira dos veiúculos ultrapassando a minha face,rubra e nua
de mãos dadas com as pontes,
cruzei outdoors antigos,estabeleci risadas e gemidos,
continuei,sentindo o crespo
de pés costurados ao real,
fervilhei em estradas sedentas
destinos cruzados em becos,esquinas alucinógenas
caminhei sozinha por exatos concretos
ampliei minha asma,aspirando o medo
a nocividade dos olhares alheios,atirei ao rio tudo que possuía,
todas as moedas de um centavo
sentei a beira da saída e pensei:a solidão é algo de cor sépia
então,poderia inventar alguma alegria...sem pretensões.
caminhei e sozinha achei concreta a exatidão da sensibilidade
ela tem cheiro,textura e sentimento...
pintei outra foto e voltei as ruas com mais verdade.

Flô-maio de 2010
Não quero falar da natureza
das outras naturezas
hoje o que impele é seco
suaves nuances do beijo esperado
há tempos meus animais não passeiam comigo
dentro da cama o despertador
dentro do espelho a farsa
dentro da parede a história
não quero falar da humanidade
dos outros homens
hoje o que impede é molhado
fortes marcas do beijo atado
há tempos meus deuses não voam comigo
dentro dos dedos a eletricidade
dentro da cavidade bucal a excentricidade
dentro do papel o deslize
não quero mais escrever falsas verdades
minha noite aos poucos se liberta de seus nomes
damas negras,alecrins envenenados,
quando o homem sentirá sua natureza?
quando as estações serão menos importantes
que o estado no qual nos encontramos?
não percebem a tolice de estarmos aqui,neste espetáculo,
cantando apenas para nós mesmos?
dentro do mundo a saudade
dentro da onda a incredulidade
dentro da alma a santidade
há tempos minhas asas partiram nuas
há tempos creio sublime nesta escrita entorpecida
que me alivia a cabeça,dessas dores sem cidade.

Flô-maio de 2010

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô