domingo, 21 de março de 2010


Meus amores são poesias ligeiras
que passam rasgando o verso em minha cara
poesias efemeras que duram um beijo
passam queimando o lugar da alma
passam descartando o desejo
meus amores são só versos perdidos num caderno velho
versos bandidos a espera de um bom tempo
minhas paisagens são etéreas,longínquas
como as fontes nos corações alheios
nenhum amor me vê com a fome desenterrada dos abrigos,
nenhum amor me ver como a raiz enclausurada dos encejos
meus amores são papéis apenas,papéis de carta
brancos cortinados a espera de movimento
meu amores são poesias ligeiras
passam desconsertando tudo
em menos de um segundo,reviram meu caos
meu soluçar mouribundo
em menos de um minuto revelam outro tempo
meu corpo coberto de palavras...tantos homens rabiscaram meu ventre
nenhum soube o valor do meu verso
porque a palavra é minha
meu encanto é meu direito a solidão
os amores me dão o mote
e se vão,carregados aos montes da minha desilusão
usei-os,os uso,em nome de um clarão maior
meu amores são desculpas
a finalidade é o peito,meu peito cheio
transbordando de mim.

Flô

segunda-feira, 1 de março de 2010


Tu respiras dentro de mim
habitas meu jardim interno
alimentas meus órgãos órfãos
somos unidos por um só poema
sinto teus tecidos crus e tuas flores pastéis
abraço tua doçura pálida e teu beijo quente
tua boca segura meu mundo com os dentes
mastiga minhas linhas ainda em branco
tu respiras dentro de mim
e me tiras o ar quando a floresta
devasta meus poros
e sufoca meus prazeres
teus dedos alongados de dor,
procuram minhas vertentes,
meus rios ainda doentes
teu vento compreende meu calor
meu ventre quer gerar o teu amor
sou a mãe do teu mundo
cheguei para dar nome aos nossos universos
respiro dentro do seu peito
e pulo de alegria quando chegas
em minha porta trazendo balões,filhos e poemas
amo você,tesouro liberto,
teamotu amor que já morava em mim.

Flô

Teus balões coloridos dentro do sorriso aberto
teus balões iluminando os caminhos de ontem
como se antes todo o resto fosse tua espera
como se antes os caminhos significassem apenas
presságios,dejavus
agora consigo ver o cintilante das folhas
e o espaço aberto deste caminho único
nosso abraço é um parque de diversões
nosso olhar é doce é intenso
como as pedras que jamais abandonam
a ponta do mar.

Flô

Meus pedaços se reeditam
quando deitada sinto tua pele costurada a minha
sinto que teus pelos aos poucos vaõ se unindo aos meus
como num lento dedilhar de imã
somos partes do mesmo ser que se reencontram
uma colagem de partituras físicas
uma unção sagrada,do desejo único
desenho teu corpo num modelo
e olho teus contornos como se pudesse
gravá-lo e guardá-lo
num mar que fiz pra mim
moldo meu corpo sobre o teu
e beijo tuas encruzilhadas
sou tua,tua nova estrada
desenha sobre mim teus caminhos de giz
tuas danças de cera,quero ser tua história
quero ter em meu corpo as letras
dos teus sonhos.

Flô

Eu vou,atrevida,pisando nos relógios
sento-me nos relógios
sou a bailarina da caixa de música
que dança em cima dos ponteiros
e ilumina mesmo sem querer
o outro lado das batidas do tempo
meu amor toca o relógio como violino denso
abrindo as portas dos minutos
para mais e mais e mais beijos
tudo que o relógio precisa está dentro de mim
todo o material,todas as peças,todos os momentos
sou tic tac ambulante,batendo coração aceso
amando desmedidamente os passos que esquecem das contagens
meu amor usa uma gravata borboleta de
um relógio quebrado,como se todos eles,não existissem
como se todos estivessem por muito tempo parados
ou esperando por nós
as ampulhetas são laços de fitas
dançando em minhas mãos de marfim
as chaves dos números de todos os dias
estão soltas flutuando também com as notas
das músicas que o vento teceu em meus cabelos
por mero acaso
é mesmo por acaso que me amas?
as fitas amarelas do nosso encontro
estão pelas ruas
anunciando que o tempo
é qualquer gole de vinho quente
que provoca o peito para cavalgar além...
eu vou atrevida,pisando nos relógios...
sou a bailarina da caixa de música
que dança em cima dos ponteiros...

Flô




Nossas cartas se encontram
numa jogada de mestre
perto da rota
lugarejos reconhecidos
por nosso faro de invencionices
as damas de copas sentadas
observando nosso amor imune
grande poder por trás das lentes
de todos os nypes cruzados
jogo contigo até amanhecer
nas brincadeiras mais insanas
resgato o passaporte da natureza
da minha natureza,do meu lugar ao teu lado
abaixo minhas conbinações,e você me olha
nua sentada sobre dados
transformo-me em um animal domesticado
um animal com chifres esguios e excitantes
nossas cartas estão sempre se encontrando
e dentro do meu corpo
tua nudez dorme quieta e profunda
tocando as superfícies mais distantes
engolindo minhas paredes cobertas de cartas vermelhas
cartas do amor que encontrei.
meu jogo é seu sexo sempre aceso
pronto para navegar no meu submundo...


Flô



Quem sou eu

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Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô