segunda-feira, 21 de dezembro de 2009



Fazia esboços
tentativas fracassadas
de retornar ao tempo dos balões coloridos
procurava nas fotografias antigas algum motivo
fazia esboços
das casas que viriam,das que nunca chegaram,da que se encontrava
Resumia cada assunto,
enxugava cada história
Sucinto era o Senhor do Tempo
mal dava tempo de terminar o dia,
cadernetas com teefones riscados,
e meus balões esbranquiçados
estouram poeira sobre o ar
minha menina galega
ainda não chegou,espero ela vir me visitar num novo jardim
habitado por nuvens mais calmas e felizes
meu retrato de antigamente
é esta criança feliz que vos fala.

Flô














Iria me casar de luto
minha pele bailarina
dançava os enredos soterrados de ontem
meu véu esquecido era a terra dos filhos escolhidos
Iria me casar de luto
e ninguém saberia,
me casaria nua,
me casaria de olhos negros
colares de pérolas caiam sobre meus seios amarelos
Minha pele baialrina
dançava em calçadas de funerárias conhecidas
Iria me casar de luto
e todos os homens sabiam o que havia dentro da minha boca
ânsia,era ânsia de saber do tempo
a que vim,neste poro delinquente
nesta veia marginal,?
me casei de luto,.
aguei as plantas
enfeitei árvore de natal
rasguei a roupaca
sei meu luto com o teu.
somos agora as cinzas do que ficou de bom.
Dançarei sobre teus cortinados
teu cetins perfumados
deixo-te ansiar por minha castidade.

Flô

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


Eu ,você e nossos carinhos contorcionistas

Seu olhar entre minhas pernas
nossas dança no tapete mágico
sua constelação ascendendo minha imagem
um não cansaço de afagos
toda a disposição dos mapas
dos corpos afoitos
eu,você e nossas carinhos contorcionistas
teu colo,travesseiro doce
teu abraço,alto refúgio
teu beijo desmaio absurdo
a aceleração das línguas na alma
eu,você e nosso começo.

aDÉLIA

terça-feira, 15 de dezembro de 2009


As folhas do jardim da frente
sabem da verdade
não quero jogá-las fora
coloco a música que acalma
e ainda com pouca claridade
entrando na casa amarela
sorrio pelos vasculhames azedos
daquela sujeira mórbida
tento não lembrar dos outros cheiros
minha cabeça dança
com as mesmas folhas sem cor
estou misturada a areia do caos
coloco meu vestido florido
pinto as unhas de vermelho...
tento escrever...
tento em vão entender
o por quê dela ter ido embora
e o por quê deu ter partido antes?
as folhas secas do jardim da frente
sabem bem da verdade
eu talvez nunca a tenha conhecido
será?


As vezes penso em me desesperar
e sair correndo sem destino
e não sei mesmo o que me impede de o fazer..
as vezes procuro sua pele,suas costas e ombros
e sorriso e mãos e suor e palavras
e olhar..as vezes procuro seus gemidos e choros
as vezes acho suas gargalhadas e seus beijos dramáticos
não,ninguém a viu como eu.


Adélia coelho

Minha pele
desenhada de flores
minhas dores abertas
o amor de ontem,me dói
o vazio do amor de ontem
o silêncio,as caixas ocas
a ausência de poesia
minha pele apagada em nuvens
o amor de ontem me dói
e o amor de hoje chega
invadindo meu mundo colorido
fotografando cada detalhe do meu rosto
o que faço do amor de ontem?
se já escrevi até o fim?
e se já esgotei todos os versos possíveis
preciso fechar a porta.
Minha pele costurada por flores
minhas dores ainda sedentas
o amor de hoje me diz tudo e onde estou?
o amor de hoje faz mapas em meu corpo
e onde estou?
o amor de hoje traz café da manhã
e me diz cem vezes por dia que sou linda
e aonde vou?

Flô

Nunca tinha visto aquele verde
talvez ele fosse só meu
emprestei agora as árvores
porque elas precisam saber
que ter esperança é criar raízes
estava tudo extremamente iluminado
eram brilho em gotas,em pó
tudo prateava a vista
como um grande presépio
de um natal colorido
mas ainda era novembro
nunca tinha visto aquele verde
a janela do ônibus suja
as pessoas tinham expressões tão lúcidas no rosto
que era como se me engolissem a cada olhar
Eu fotografava em Zoom
como se recebendo as linhas dos outros
porque eles precisavam saber
que ter felicidade é criar asas
estava tudo extremamente musical
tdo emocionava a vista
e o corpo dançava sentado
e a boca sorria sem canto
aquele dia viajei por dentro das cores
que achava que tivesse esquecido.

Adélia Coelho novembro de 2009

Conhecia o efeito da infelicidade
essa revolta presa por um triz
"Não roube minha tartaruga!"
Você me faz mal por existir
por que você existe?
Assim nova
assim alegre
e tão triste?
Por que assim tão imensa
e intensa?
Por que você vive
assim ruiva
assim leve
e tão mansa?
Conhecia esse olhar
ontem eu pertencia a tais explosões indiferentes
"Não roube minha tartaruga!"
"não roube minha filha!"
"Eu quero minha irmã de volta!"
"Eu não suporto mais esse casamento!"
Eu quero uma dose de amor e um cigarro...
Conhecia o efeito da infelicidade
Por que você é tão sincera?
você não é a dona da verdade!
mas que verdade?
onde esqueci a minha?
dentro do guarda roupa intocada
com as roupas velhas.
Minha tartaruga você não leva!
não suporto quando vcê exala esta felicidade....


Adélia Coelho novembro de 2009

Que seja doce
as linhas das costas ao sul
Demarcações que formam pequenas asas
coladas com língua
viajo por todos os caminhos
lá fora da janela,todas as pessoas são fotografias
cá dentro do corpo,um único olhar me vê
dentro do círculo mel vejo uma mulher
de sorriso aberto,meiga em forma
muitos trilhos seguiram soltos
até que o trem achasse o vento
que seja doce
os poros da face ao norte
malabarares,contorcionismos e acrobacias
colados com língua
viajo por todos os caminhos
e dentro da fragilidade
uma bandeja farta de amor daqueles..de muito
Lá fora da janela,as pessoas saem das antigas fotografias
e espreitam essa felicidade esguia,felicidade atrevida
que seja doce
os rios das dobras do teu mundo
limpo com língua as desilusões
nossas dores irmãs
cá dentro da alma,um único sorriso
jamais visto assim,como um amanhecer tímido
com o sol saindo do cantinho da minha boca
que seja doce porque amar é simples.

Adélia Coelho-Novembro de 2009

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô