terça-feira, 23 de dezembro de 2008




Tranca-se a louca dentro do espelho
a luz se esforça
para despistar o sol
não há lugar para despejo
a colheita é feita por anzol
De longe a paternidade adormecida
esperando um pedaço do mesmo espelho
e um beijo de cantiga,
bem perto,nasço das sementes intransigentes
desperto rápido pelos cometas que estão doentes
minha vida será sempre refúgio de despedidas
a louca sou eu.


Flô





Como começar da diferença?
marco de criações indefinidas
o bando segue livre
cada extinto com se predador/sua ferida
o amor transborda
na textura do caminho
e juntos,
na aventura
de permanecer vivos
reinventamos os laços
e procriamos os sorrisos
na despedida do peito
sabemos que sempre nos restam as estrelas
sempre.
O brilho do invisível.
Inesquecível.


Flô




Subtende-se que nos símbolos
gravados nos muros e grades
esteja o iblema da morte
Errado.Talvez seja o mau olhado do mote
labirintos que seguem em cadeia
Vencidos,distintos
porém amargos
Rotas deserdadas no caos
mapas imaginados na chave do tempo
correndo em círculo
correndo em círculo
a embreagem do sonho é a saída-
Ninguém nos tira
é sublinhada na linha
e escrita na rinha.
apagada no fogo..
vermelhos aprendizes de eclipses eternos
a mulher- fogo beija a noite
como se Lua escutasse seus gemidos
e ardesse seus poros vazios
a chave do tempo
correndo em círculos tomados por fogo
grande circo em silêncio
soprando pra fora o que o tempo esqueceu.
Hoje, permaneço na fechadura da ilusão
e sei que meu coração está aberto.


Flô






E quando você descobre
que sua árvore
morre ainda em vida?
Não há casa colorida
que edifique
não há espaço recolhido
que justifique
as traças são ouro
nas taças os besouros...
Dentro do peito a festa-Ressurreição-
Talvez fosse hora de não pular os girassóis
talvez fosse mesmo a hora de vencê-los
E quando você descobre que não pode salvar todo o jardim?
E quando você descobre que a origem é o devaneio?
e que o cheiro da madrugada queima por dentro?
Enquanto a grande origem ascende
todos dormem.
é cedo.De manhã;
Minha família é o passarinho
que visita a janela
num lance mágico
minha história árvores e árvores
tentaram contar.
Não ousaram desafiar as raízes.
Optei por amanhecer
enquanto VIDA.

Flô

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008





Como mostrar sua solidão?
um abraço pode dizer tanto sobre a sede de querer ser família
Nos olhos,todo o passado das lojas do antigo Recife
cravado naquela única lágrima.
Percorro outras árvores e percebo a diferença das raízes...
a peculiaridade das folhas
e o perfume diverso que distingue
os dias das Flores...
Para ser um lar,uma árvore precisa saber abraçar
quando a solidão pede abraço através do corte
os braços amolecem,derretem as intenções
os olhos não brilham...
distantes; falam de um escuro presente.
De outra altura enxergo melhor
a dimensão de minha árvore estrangeira
-Minha e de outro país ao mesmo tempo-
Dentro de uma folha ela dorme
desconstruindo o passado na amargura
daquela solidão que violenta e morre
quando vê sua única Flor
abraçando novas árvores.


Flô




Em cada palavra maldita
cato também o lixo
de outras vidas
certamente nada
que entorno no chão é perdido
porém pouco procurado.
a maldição dos tijolos amarelos
as pessoas que ali estão vingando-se
não há mais nada a dizer-lhes
nem aos mortos,nem aos vivos
nem aos morto-vivos.
Sequei.
Só resto-me AINDA para arte.
Nenhuma raiz por ora me afaga
ou manifesta.
Planta extinta e exasperada.
Tinta faminta e exautada.
animal encontrado e limitado.
Tudo agora,ficou apenas
na antiga roda gigante do interior.

Flô

Quando tudo o mais é noite
grito de vento guardado
face de árvore gigante
nasce do grande vazio
a grande mulher
pálida esfinge
iluminada ressurreição
quando tudo o mais é sombra
perfura a bailarina com sua saia
incandecente a
grande face lunar que guarda os sonhos
chega cada dia com sua forma
mas a certeza que a nuvem jamais poderá esconder
sua majestade,sua luz,sua brancura mágica.
Flô

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008




Amigos escritores,novos autores,um novo amor,novos palcos,novos olhares,novas perspectivas...
Novas paisagens,novas linhas,novos tremas,novas constatações,novos anivers[ários,novas festas infantis,novos abraços,novas palavras,novas ilusões,novos prelúdios,novas catarzes,novos domínios,novas vazões,novas liturgias,novas celebrações,novas conversas,novos conceitos,novas despedidas,novas estadias,nova morada por dentro,nova chegada de fato,familiares reencontros
com as coisas,fatos e pessoas que fazem minha história de vida ser assim,tão poética ...
Feliz 2008!!Feliz acreditar!!!!!



Em 2008 vivi,não fiz absolutamente nada que estivesse estritamente programado,e acho que foi isso que me deu tantos poemas.A imprevisibilidade,a surpresa,o dia,o presente!dádiva.
Sonhei o verso no palco,nos olhos do outro,levei meu canto ao tempo de outros,com sabor de mesmo vento,talvez seja pouco para muitos.Para mim foi a grande realização de 2008,sai da toca,
fiz-me conhecida na rima,tirei das agendas antigas,das novas gavetas o verso e dei parto de mim no ventre de todos.Não,não fiz curso pra isso,não,não não aprendi a sentir.Minha poesia me vem,"apenas"....ela tem liberdade de ir e vir,não forço sua barra.O tempo deveria ser assim com nossos sonhos.Mas será mesmo que podemos ter uma disciplina natural?de onde surge isso?
Não sei bem ao certo em que momento escrever passou a ser rotina feliz em minha vida,simplesmente sei que não tenho muitos planos nessa estadia,talvez meus sonhos sejam modestos diante desse caos de opções que nos encontramos ....Porém sem receio digo que ser poeta pra mim não é profissão,nem escolha,é Filosofia,lição,Missão o Dom do Hoje.
Poucos diplomas me darão a felicidade de segurar tantos filhos de uma só vez no coração.
Poucos empregos me farão tantas carícias na alma.
Essa é minha ilusão consciente:a arte de estar aqui e cantar o instante como diria Cecília Meireles
"eu canto porque o instante existe,não sou alegre nem triste sou poeta"...
Assim sigo sem tempo definido,salvando a arte que me vaza do fundo nesses dias de Natal turbulentos.

Flor




Força Estranha
Roberto Carlos
Composição: Caetano Veloso


Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor
Do caminho daquele menino...
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei...
Eu vi a mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou prá eu olhar
Para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada
Que nunca passou...
Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso
isso essa voz tamanha...
Eu vi muitos cabelos brancos
Na fonte do
tempo não pára e no entanto
Ele nunca envelhece...
Aquele que conhece o
fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a
o pé e é o chão...
Eu vi muitos homens brigando
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada
Vontade encoberta
E a coisa mais certa
De todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada
É o sol...
Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz, essa voz
Tamanha...(2x)


Uma grande amiga me cantou essa música ao telefone ontem enquanto eu me lamentava horrores!Fiquei pensando depois,acho que a melhor coisa do natal é o ESPECIAL ROBERTO CARLOS!rsrsrsrsrsr

ps-Não vou desistir de quem sou,repito!jamais!jamais!Ouviram?
Que venham os prazos,sigo em minha intuição.

Adélia Coelho-




Sim sim,o ano está acabando..Noel vem aí com tudo prometendo renovações de esperanças...
Mudanças,tranformações,passagem...Novas metas,novas reflexões,ou seriam antigas metas?
antigas reflexões?tudo parece tão ontem...tudo parece tão hoje.
E esse vermelho todo nas fachadas das expectativas nos parece tão familiar,na etiqueta dos nossos sonhos os sinos evocam nosso menino.É NATAL.Chegou o fim do ano.
O tempo proseia conosco,como se fosse mesmo amigo.BALANÇO GERAL.temos mesmo que fazer um?E toda nossa programação tem que ser mesmo cumprida, assistida,prometida?
Temos que fazer as pazes?temos que fazer compras?temos que viajar?temos que fazer uma nova lista de novas obrigações para o ano que se aproxima?TEMOS?Tememos..isso sim.
tememos o que o tempo vai no dizendo conforme aceitamos suas lamúrias.
A lista nunca estará completa,a mesa nunca estará totalmente farta.
O ano não acaba,nem começa..apenas segue...como nós,como o amor.
Há regras demais,há metodologias falidas aos montes.Eu odeio Peru!!!!
Não tenho adoração por árvores mortas enfeitadas com personagens friorentos.
Pode parecer radical.E é,mas não creio na história da religião católica,não por acreditar em outra,ou por desacreditar em tudo.Simplesmente minha religião tende a ser ciclíca porém não pragmática.Há de se comemorar a vida sim,mas é óbvio,há de se festejar o "deus",há de se confraternizar entre amigos....não sou contra.apenas não sou a favor da super produção do Natal.
não sou a favor da frustação que se instala no coração dos que não conseguiram cumprir as metas(mas se os mesmos conseguiram momentos felizes não vale de nada?)
Queria poder dizer que minha única meta é amar(e não seria esse o verdadeiro espírito do natal?)Mas que pena,isso é pouco,há de se ter ameixas(quando a grnde maioria não sabe nem o que é isso.)há de se ter queijo do reino(luxo?que nada"!)
Há muito tempo deixei de ter essa ilusão do Natal,e não é pessimismo.Nem excesso de realismo.
Mas o senhor Noel,não me engana mais.E sinceramente não devo satisfações a ele.
Meu ano?ele segue....
seguimos,tempo espaço e eu....



Adélia Coelho(FlÔ)


Foto apresentação nós pós Fliporto 2008-

Quem sou eu

Minha foto
Eu vou,atrevida,pisando nos relógios sento-me nos relógios sou a bailarina da caixa de música que dança em cima dos ponteiros e ilumina mesmo sem querer o outro lado das batidas do tempo... Flô